quarta-feira, 19 de outubro de 2016


Do livro: Prazer de Viver
Wanderley de Oliveira
Nada Ficará Oculto em Nossas Vidas
"Jesus, o Cuidador de Almas por excelência, teve ensejo de indagar-nos:Sois Deuses?
Que indagação mais educativa pode pronunciar alguém dirigida ao reino consciencial de cada um de nós?
Indagando sobre a nossa divindade potencial, em verdade, Ele recorda outro de Seus belíssimos ensinos sobre o inconsciente, anotado em Marcos, cap. 4 - versículo 22: ‘porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.’
É da lei divina o processo revelador de nossa individualidade.
Queiramos ou não, a vida submersa no inconsciente é um constante clamor em direção à luz da perfeição.
Tomar contato com os conteúdos velados da vida íntima é um desafio doloroso de desilusão. É o momento da ousadia que pede paciência para não tombar na irresponsabilidade. É o instante da coragem que vai solicitar o desapego da vida ideal – aquela do jeito que queríamos – para assumirmos a vida real.

Como atravessar a ponte das concepções e projetos pessoais?
Como reconstruir nossas crenças? Que ações tomar para que o nosso querer não seja mais uma ilusão?
A infelicidade, a depressão, o vazio existencial não serão mensagens da vida íntima atestando fugas de nossas necessidades mais esquecidas no aprimoramento espiritual?
Muitos companheiros, iluminados com o conhecimento doutrinário, assumiram para si mesmo o sublime compromisso de erguimento consciencial. Todavia, um  rastro de descuido tem permeado as lições de muitos aprendizes neste tema.
O primeiro deles é a aceitação da dor como único instrumento de redenção. O segundo é a nociva negação do dinamismo de nossa vida interior.
No primeiro temos a crença derrotista, um ato de desamor.
No segundo, o medo do confronto, uma manifestação de rebeldia em aceitar quem somos. No primeiro deles a ausência de auto-amor.
No segundo, um efeito do orgulho.
O foco do prazer de viver é este: A perda de quem achávamos que éramos, o falso eu, e o encontro com o eu real. A busca da autenticidade. A identidade psicológica do Ser.
Cuidemos com vigilância, para que o Espiritismo, essa ferramenta de evolução,  não se torne mais um instrumento de tortura em nossa vida.
Em nossas casas de amparo, muitos corações sinceros e exemplares no desprendimento e na ação do bem, encontram pela frente a aflição e a angústia, tombando em lamentáveis crises de descrença. A razão? Descuidaram de si próprios. Negaram o contato com sua realidade interior. Acreditaram em uma personalidade mentalmente projetada e perderam o contato com suas emoções mais profundas.
Hipnotizaram-se com cargos, mediunidades, talentos verbais, ações beneficentes e outras tantas iniciativas abençoadas. Esqueceram-se do mais importante: da humanidade da qual somos portadores.
Cuidemos melhor de nossas vidas. Olhar para os pendores e tendências, entrar em contato com o que sentimos, admitir o que gostaríamos da vida, essas são três das muitas ações a que somos chamados na trilha solitária do auto-descobrimento.
Coragem! Para fazer o que já temos condições de fazer e para descobrir o que já estamos prontos para descobrir sobre nós mesmos.

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