domingo, 3 de maio de 2020

BIOGRAFIA - MADRE TERESA DE CÁLCUTA



Eu vejo na atitude da querida Madre Teresa um antídoto contra o egoísmo humano: "Compartilhar o que quer que possuímos (amor, comida, afeto, agasalho, atenção...) é um ato de humanidade.

Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e doar-se. Madre Teresa não “sentia” o amor de Cristo e buscava a resposta de Deus o tempo todo, e poderia ter parado tudo por isso, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é a única coisa que quero. Este é um poderoso exemplo, e vamos lembrar que ela pregava primeiro amor, não a religião.”



Num Mundo onde impera o egoísmo temos a rica oportunidadede admirar o trabalho e saber um pouco de um ser que contagia com o seu imenso amor.

O amor, verdadeiro amor que faz da humildade instrumento para ajudar aos menos favorecidos pela vida. Madre Tereza é nosso espelho podemos dizer nosso ídolo, temos profunda admiração por este ser abençoado por DEUS. Que se preocupou, mais que isso, se ocupou em fazer de sua caminhada a luz que ilumina e conforta os corações sofridos,com tamanha generosidade e amor doação.



Em 27 de agosto de 1910, um dia especial nasce Agnese Gonxha Bojaxhin nada mais nada menos que Madre Tereza de Calcutá, em Skopje, cidade albanesa do Kossovo que alguns anos depois, passaria ao domínio da Iugoslávia. A menina veio ao mundo numa família católica, feliz e abastada.

Seu pai Nicola Bojaxhiu, um próspero comerciante formado em Farmácia sua mãe Drone, uma mulher jovem e bela. Tiveram 3 filhos, Lazar, Ágata e Agnese (Madre Teresa) que era chamada pela família "Gonxha" que em albanês significa "botão de Flor".
Agnese (MadreTeresa) seguiu a vida de religiosa influenciada por padres da região.
Ingressou aos 18 anos na Ordem Nossa Senhora de Loreto.Como freira adotou o nome de Madre Tereza de Calcutá.

Foi para um Mosteiro em Dublin, na Irlanda de lá enviada para India, na cidade de Calcutá, onde vestiu o hábito, em 1928.
Em 1931, passou a ensinar crianças bem-nascidas ministrando aulas
de História e Geografia, seguindo o lema:
" Educai a classe alta, que por sua vez ensinará a vida cristã aos pobres"
Em 1934, faz votos perpétuos na Congregação e torna-se Diretora do setor bengali da Universidade.

Em outubro de 1946, ao presenciar, durante uma viagem de trem, a mistura de homens e
amontoados, extremamente sujos e com odor desagradável, enquanto seguia a viagem Madre Teresa, tentava buscar uma resposta nos seus princípios religiosos uma explicação para tanta dor. Não ficava incomodada com a presença daqueles pobres miseráveis, embora estando acostumada a limpeza e higiene perfeita do Colégio de St. Mery's School, onde suas alunas estavam sempre bem vestidas e perfumadas.

Após rigorosa reflexão, Madre Teresa que sempre foi muito disciplinada e prudente, não se deixava levar pelo entusiasmo. Mas sabia no fundo de sua alma que teria uma missão a cumprir. Que após aquela viagem sua vida mudaria radicalmente. Teria um longo e difícil caminho a seguir. Porém tinha a certeza que Deus lhe daria força e fé para levar avante a sua missão. Após cumprir todos os tramites legais e providências jurídicas obteve a permissão para viver fora do convento. E ao constatar que poderia cumprir a sua missão de uma forma mais objetiva decidiu largar às aulas para dedicar-se exclusivamente aos pobres, observando de perto os sofrimentos de irmãos
menos abastados, os miseráveis.
EM 16 de agosto de 1948, Madre Teresa deixa o hábito de freira e abandona o Convento.

Um dia Madre Tereza, encontrou um bebê semimorto no lixo.
Aplicou-lhe respiração boca-a-boca. Disseram-lhe que a criança estava morta.
Porém ela não desistiu e quando o bebê deu sinal de vida, ela o apertou
contra o peito e gritou: "está vivo!" E o levou para casa.

Contagiou a muitos com o seu imenso amor...
Um casal a procurou e lhe entregou uma grande quantia em dinheiro.
Disseram-lhe que haviam se casado há dois dias. Resolveram não usar trajes de núpcias nem celebração e lhe trouxeram o dinheiro que seria gasto com o casamento. Nós a amamos muito e pensamos que seria lindo compartilhar o nosso amor
com os pobres que a senhora serve.
Houve um período em Calcutá que havia escasses de açucar, espalhou-se pela cidade que a Madre teresa não tinha açucar para seus orfãos. Certa noite chegou um casal com o seu filho de seis anos ele trazia nas mãos um vidrinho. Por uma semana havia se recusado a comer açucar para poder dá-lo aos menos afortunados que êle.
Um senhor chegou com seu filho pequeno. Disse-lhe que o menino gostava tanto dela que resolveu guardar a mesada para dar de presente aos pobres. Ele ficara tão sensibilizado com a atitude do filho, que decidira deixar de fumar e beber um mês
a economia se destinou a ela.

Alguns budistas japoneses souberam que a congregação de Madre Tereza jejuava toda primeira sexta feira do mês, para destinar aquela economia aos pobres. Imitaram o seu gesto tiveram a atitude de enviar a ela o resultado da sua arrecadação.
Com esta importância em dinheiro foi construído o primeiro andar da casa que tinha por objetivo abrigar meninas e mulheres libertas do cárcere.

Madre Tereza sempre enfatizou o valor e o poder da prece, dizia: Se orarmos seremos capazes de amar, e se amarmos seremos capazes de servir. Reze tal qual uma criança. Você deve se dirigir a DEUS como uma criança. Uma criança não tem dificuldade de expressar o que pensa em palavras simples, que dizem muito. Se uma criança ainda não foi desvirtuada e ainda não aprendeu a mentir, ela dirá tudo. É necessário apenas, aquela pequena elevação de mente a Deus

“Eu te amo, Deus eu confio em ti, eu preciso de ti agora”
Disse também : “Que todos deveríamos ajudar a um hindu, tornar-se um hindu melhor. Um muçulmano, a tornar-se um mulçumano melhor. Um católico a ser um católico melhor
assim por diante com outras religiões.”
O que ela quer nos dizer é que transformássemos a teoria em prática colocássemos o amor acima de tudo, porque somente o amor transforma .
Tudo o que fizermos com amor renderá bons frutos.

Quando viu fecharem-se as portas do conventos às suas costas experimentou um profundo sentimento de desorientação, viu-se sozinha nas ruas de Calcutá, foi tomada pela angústia, sozinha sem casa , dinheiro, trabalho sem saber onde dormir. Tinha apenas a permissão do Papa para viver temporariamente fora do convento, para fundar uma nova Congregação religiosa. Transferiu-se para Patna para fazer um curso de enfermagem, frequentou o curso durante quatro meses, onde aprendeu o que em geral se ensinam em um ano.
25 de dezembro de 1948, Madre Teresa começa oficialmente a sua nova missão a serviço dos mais pobres dentre os pobres, data que ela escolhera por ser aniversário de Cristo.

Chegando a Calcutá foi visitar uma favela que conhecia, Motijhil, para confraternizar-se no dia de Natal com as mulheres e crianças. Procurou um lugar para morar. Uma mulher alugou-lhe uma cabana muito pobre por cinco rupias por mês. Aquela foi a sua primeira casa. Na manhã seguinte já se ouvia a voz de Madre Teresa ensinando a cinco crianças as primeiras letras do alfabeto bengali. No quarto não havia móveis nem quadro negro. Com uma varinha a Madre escrevia as letras no chão de terra.
Até poucos meses antes Madre Teresa era a diretora da célebre High School ao lado da favela onde ela se encontrava agora.

E assim tudo começou. Com a ajuda de ex-alunas de famílias abastadas.
Desde então passou a recolher mendigos, doentes, crianças abandonadas,
drogados, alcoólatras velhinhos, aideticos e recuperar ex-presidiários. Ganhou notoriedade mundial por seu trabalho, que começou sem apoio financeiro, mas com ajuda de moças indianas. Elas assumiram quatro votos: pobreza, caridade, obediência e o principal deles, compaixão. Vestindo apenas saris indianos e sandálias.
Em l950 foi fundada a Ordem das Missionárias da Caridade.
Em 1952 Madre Teresa funda a sua primeira grande obra social em Nirmal

"Casa dos Moribundos" Apesar de difícil o caminho que escolheu, lutou com as armados amor e com muita determinação acabou por vencer. Houve momentos que ela pensou em desistir devido às perseguições, Pois muitos não entendem a nobreza de espírito de quem se dedica de corpo e alma à humanidade.
Certa feita em uma de suas meditações escreveu:
"Meu Deus, por livre escolha e por Teu amor, desejo permanecer aqui e fazer o que a Tua vontade exige de mim. Não! Não voltarei atrás. . A minha comunidade são os pobres. A tua segurança é a minha. A tua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres. Não apenas dos pobres, mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não querem se aproximar, com medo do contágio e da sujeira, porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar nos templos, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem porque não têm forças para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que irão morrer e ao lado dos quais os vivos passam, sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as
lágrimas. Dos intocáveis."

Fonte: http://www.vanessagaia.com/2011/08/madre-tereza-de-calcuta-minha.html

Biografia
Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26 de agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, filha de pais albaneses, numa família de três filhos, sendo duas moças e um rapaz. Embora ela tenha nascido a 26 de agosto, ela considerava o 27 de Agosto, o dia em que foi batizada, como o seu " verdadeiro aniversário".
Frequentou uma escola não católica.
Começou por fazer votos aos 18 anos nas Irmãs de Nossa Senhora do Loreto (Instituto Beatíssima Virgem Maria), na Irlanda, onde pouco tempo viveu.

Servindo ao mundo
Já na Índia, ao serviço dessa congregação como professora, ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se ao "Lar dos Moribundos", em Kalighat. A princípio, ela teve alguns problemas de ordem religiosa, com alguns grupos que professavam uma outra fé, e conseqüentemente, uma outra religião e cultura, mas com o passar do tempo, todos foram notando, que ela tinha realmente boas intenções, e que sua obra tinha verdadeiramente um caráter nobre. Assim, ela começa a receber donativos de hindus, muçulmanos, budistas, etc. E assim também foi ocorrendo em relação às outras situações difíceis e problemáticas, tais como: crianças abandonadas, aidéticos, mulheres que haviam sido abusadas e engravidaram, leprosos...

Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e, entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Sri Lanka|Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.
O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Prêmio Templeton, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.
Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco, quando preparava um serviço religioso em memória da Princesa Diana de Gales, sua grande amiga e falecida ela própria 6 dias antes, num acidente de automóvel em Paris. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. Encontra-se sepultada em Motherhouse Convent, Calcutá, Bengala Ocidental na Índia. No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa.
O seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua sucessora.
Um de seus pensamentos era este: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”. Criou as missionárias da caridade, onde todas as freiras iriam ajudar não a ela, mas sim a todos os necessitados. Todos registrados.

A "noite escura" de Madre Teresa
Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro "Madre Teresa venha, seja minha luz" (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de setembro de 2007, traduzido e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus. Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a amar a escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado espiritual de sua obra', como escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que Jesus já não pode passar pela agonia - mas que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei à disposição."
No entanto, o texto de suas cartas não deve afetar a campanha por sua santificação, já que a Igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

A crise espiritual
Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí "viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte". "Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada"[4] Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia mística cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de identificação com Deus.
Silêncio divino.

Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que "tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".
Antídoto contra o sentimentalismo.
Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: "A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não "sentia" o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."

Deus Caritas Est
Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005, "sobre o amor cristão", cita Madre Teresa como exemplo de pessoa de oração e ao mesmo tempo de fé operativa:
A piedade não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do próximo. A beata Teresa de Calcutá é um exemplo evidentíssimo do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não lesa a eficácia nem a operosidade do amor ao próximo, mas é realmente a sua fonte inexaurível. Na sua carta para a Quaresma de 1996, essa beata escrevia aos seus colaboradores leigos: 'Nós precisamos desta união íntima com Deus na nossa vida cotidiana. E como poderemos obtê-la? Através da oração.[7]

Beatificação e canonização
Foi beatificada em 19 de outubro de 2003, com a ocorrência de um milagre ocorrido com Monica Besra, uma indiana, que foi curada de um tumor no estômago de forma inexplicável e cuja cura foi atribuída a Madre Teresa. Segue em aberto o processo de sua canonização.
Presidente Reagan presenteando a Madre Teresa com Medalha Presidencial da Liberdade em 1985.
Selo alemão do aniversário centenário da Madre, em 2010.

Títulos e homenagens
Padma Shree - Índia, 1962.
Ramon Magsaysay Award Foundation - Filipinas, 1962.
Doutora honoris causa em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica do Sagrado Coração.
Prêmio Nobel para a Paz - 1979.
Medalha Presidencial da Liberdade - Estados Unidos, 1985.

Cinema e literatura
- Madre Teresa é o tema do filme-documentário (1969) e do livro Algo bonito por Deus (1971) de Malcolm Muggeridge.
- Madre Teresa: Em Nome dos Pobres de Deus é um filme de 1997 dirigido por Kevin Connor estrelado por Geraldine Chaplin. Ganhou em 1998 o prêmio Art Film Festival.
- A vida de Madre Teresa foi retratada em 2003 em minissérie de televisão italiana Madre Teresa, estrelada por Olivia Hussey como Madre Teresa. Posteriormente, foi lançado internacionalmente como um filme de televisão Madre Teresa de Calcutá e recebeu o Prêmio
Eu vejo na atitude da querida Madre Teresa um antídoto contra o egoísmo humano: "Compartilhar o que quer que possuímos (amor, comida, afeto, agasalho, atenção...) é um ato de humanidade.

Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e doar-se. Madre Teresa não “sentia” o amor de Cristo e buscava a resposta de Deus o tempo todo, e poderia ter parado tudo por isso, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é a única coisa que quero. Este é um poderoso exemplo, e vamos lembrar que ela pregava primeiro amor, não a religião.”



Num Mundo onde impera o egoísmo temos a rica oportunidadede admirar o trabalho e saber um pouco de um ser que contagia com o seu imenso amor.

O amor, verdadeiro amor que faz da humildade instrumento para ajudar aos menos favorecidos pela vida. Madre Tereza é nosso espelho podemos dizer nosso ídolo, temos profunda admiração por este ser abençoado por DEUS. Que se preocupou, mais que isso, se ocupou em fazer de sua caminhada a luz que ilumina e conforta os corações sofridos,com tamanha generosidade e amor doação.



Em 27 de agosto de 1910, um dia especial nasce Agnese Gonxha Bojaxhin nada mais nada menos que Madre Tereza de Calcutá, em Skopje, cidade albanesa do Kossovo que alguns anos depois, passaria ao domínio da Iugoslávia. A menina veio ao mundo numa família católica, feliz e abastada.

Seu pai Nicola Bojaxhiu, um próspero comerciante formado em Farmácia sua mãe Drone, uma mulher jovem e bela. Tiveram 3 filhos, Lazar, Ágata e Agnese (Madre Teresa) que era chamada pela família "Gonxha" que em albanês significa "botão de Flor".
Agnese (MadreTeresa) seguiu a vida de religiosa influenciada por padres da região.
Ingressou aos 18 anos na Ordem Nossa Senhora de Loreto.Como freira adotou o nome de Madre Tereza de Calcutá.

Foi para um Mosteiro em Dublin, na Irlanda de lá enviada para India, na cidade de Calcutá, onde vestiu o hábito, em 1928.
Em 1931, passou a ensinar crianças bem-nascidas ministrando aulas
de História e Geografia, seguindo o lema:
" Educai a classe alta, que por sua vez ensinará a vida cristã aos pobres"
Em 1934, faz votos perpétuos na Congregação e torna-se Diretora do setor bengali da Universidade.

Em outubro de 1946, ao presenciar, durante uma viagem de trem, a mistura de homens e
amontoados, extremamente sujos e com odor desagradável, enquanto seguia a viagem Madre Teresa, tentava buscar uma resposta nos seus princípios religiosos uma explicação para tanta dor. Não ficava incomodada com a presença daqueles pobres miseráveis, embora estando acostumada a limpeza e higiene perfeita do Colégio de St. Mery's School, onde suas alunas estavam sempre bem vestidas e perfumadas.

Após rigorosa reflexão, Madre Teresa que sempre foi muito disciplinada e prudente, não se deixava levar pelo entusiasmo. Mas sabia no fundo de sua alma que teria uma missão a cumprir. Que após aquela viagem sua vida mudaria radicalmente. Teria um longo e difícil caminho a seguir. Porém tinha a certeza que Deus lhe daria força e fé para levar avante a sua missão. Após cumprir todos os tramites legais e providências jurídicas obteve a permissão para viver fora do convento. E ao constatar que poderia cumprir a sua missão de uma forma mais objetiva decidiu largar às aulas para dedicar-se exclusivamente aos pobres, observando de perto os sofrimentos de irmãos
menos abastados, os miseráveis.
EM 16 de agosto de 1948, Madre Teresa deixa o hábito de freira e abandona o Convento.

Um dia Madre Tereza, encontrou um bebê semimorto no lixo.
Aplicou-lhe respiração boca-a-boca. Disseram-lhe que a criança estava morta.
Porém ela não desistiu e quando o bebê deu sinal de vida, ela o apertou
contra o peito e gritou: "está vivo!" E o levou para casa.

Contagiou a muitos com o seu imenso amor...
Um casal a procurou e lhe entregou uma grande quantia em dinheiro.
Disseram-lhe que haviam se casado há dois dias. Resolveram não usar trajes de núpcias nem celebração e lhe trouxeram o dinheiro que seria gasto com o casamento. Nós a amamos muito e pensamos que seria lindo compartilhar o nosso amor
com os pobres que a senhora serve.
Houve um período em Calcutá que havia escasses de açucar, espalhou-se pela cidade que a Madre teresa não tinha açucar para seus orfãos. Certa noite chegou um casal com o seu filho de seis anos ele trazia nas mãos um vidrinho. Por uma semana havia se recusado a comer açucar para poder dá-lo aos menos afortunados que êle.
Um senhor chegou com seu filho pequeno. Disse-lhe que o menino gostava tanto dela que resolveu guardar a mesada para dar de presente aos pobres. Ele ficara tão sensibilizado com a atitude do filho, que decidira deixar de fumar e beber um mês
a economia se destinou a ela.

Alguns budistas japoneses souberam que a congregação de Madre Tereza jejuava toda primeira sexta feira do mês, para destinar aquela economia aos pobres. Imitaram o seu gesto tiveram a atitude de enviar a ela o resultado da sua arrecadação.
Com esta importância em dinheiro foi construído o primeiro andar da casa que tinha por objetivo abrigar meninas e mulheres libertas do cárcere.

Madre Tereza sempre enfatizou o valor e o poder da prece, dizia: Se orarmos seremos capazes de amar, e se amarmos seremos capazes de servir. Reze tal qual uma criança. Você deve se dirigir a DEUS como uma criança. Uma criança não tem dificuldade de expressar o que pensa em palavras simples, que dizem muito. Se uma criança ainda não foi desvirtuada e ainda não aprendeu a mentir, ela dirá tudo. É necessário apenas, aquela pequena elevação de mente a Deus

“Eu te amo, Deus eu confio em ti, eu preciso de ti agora”
Disse também : “Que todos deveríamos ajudar a um hindu, tornar-se um hindu melhor. Um muçulmano, a tornar-se um mulçumano melhor. Um católico a ser um católico melhor
assim por diante com outras religiões.”
O que ela quer nos dizer é que transformássemos a teoria em prática colocássemos o amor acima de tudo, porque somente o amor transforma .
Tudo o que fizermos com amor renderá bons frutos.

Quando viu fecharem-se as portas do conventos às suas costas experimentou um profundo sentimento de desorientação, viu-se sozinha nas ruas de Calcutá, foi tomada pela angústia, sozinha sem casa , dinheiro, trabalho sem saber onde dormir. Tinha apenas a permissão do Papa para viver temporariamente fora do convento, para fundar uma nova Congregação religiosa. Transferiu-se para Patna para fazer um curso de enfermagem, frequentou o curso durante quatro meses, onde aprendeu o que em geral se ensinam em um ano.
25 de dezembro de 1948, Madre Teresa começa oficialmente a sua nova missão a serviço dos mais pobres dentre os pobres, data que ela escolhera por ser aniversário de Cristo.

Chegando a Calcutá foi visitar uma favela que conhecia, Motijhil, para confraternizar-se no dia de Natal com as mulheres e crianças. Procurou um lugar para morar. Uma mulher alugou-lhe uma cabana muito pobre por cinco rupias por mês. Aquela foi a sua primeira casa. Na manhã seguinte já se ouvia a voz de Madre Teresa ensinando a cinco crianças as primeiras letras do alfabeto bengali. No quarto não havia móveis nem quadro negro. Com uma varinha a Madre escrevia as letras no chão de terra.
Até poucos meses antes Madre Teresa era a diretora da célebre High School ao lado da favela onde ela se encontrava agora.

E assim tudo começou. Com a ajuda de ex-alunas de famílias abastadas.
Desde então passou a recolher mendigos, doentes, crianças abandonadas,
drogados, alcoólatras velhinhos, aideticos e recuperar ex-presidiários. Ganhou notoriedade mundial por seu trabalho, que começou sem apoio financeiro, mas com ajuda de moças indianas. Elas assumiram quatro votos: pobreza, caridade, obediência e o principal deles, compaixão. Vestindo apenas saris indianos e sandálias.
Em l950 foi fundada a Ordem das Missionárias da Caridade.
Em 1952 Madre Teresa funda a sua primeira grande obra social em Nirmal

"Casa dos Moribundos" Apesar de difícil o caminho que escolheu, lutou com as armados amor e com muita determinação acabou por vencer. Houve momentos que ela pensou em desistir devido às perseguições, Pois muitos não entendem a nobreza de espírito de quem se dedica de corpo e alma à humanidade.
Certa feita em uma de suas meditações escreveu:
"Meu Deus, por livre escolha e por Teu amor, desejo permanecer aqui e fazer o que a Tua vontade exige de mim. Não! Não voltarei atrás. . A minha comunidade são os pobres. A tua segurança é a minha. A tua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres. Não apenas dos pobres, mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não querem se aproximar, com medo do contágio e da sujeira, porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar nos templos, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem porque não têm forças para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que irão morrer e ao lado dos quais os vivos passam, sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as
lágrimas. Dos intocáveis."

Fonte: http://www.vanessagaia.com/2011/08/madre-tereza-de-calcuta-minha.html

Biografia
Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26 de agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, filha de pais albaneses, numa família de três filhos, sendo duas moças e um rapaz. Embora ela tenha nascido a 26 de agosto, ela considerava o 27 de Agosto, o dia em que foi batizada, como o seu " verdadeiro aniversário".
Frequentou uma escola não católica.
Começou por fazer votos aos 18 anos nas Irmãs de Nossa Senhora do Loreto (Instituto Beatíssima Virgem Maria), na Irlanda, onde pouco tempo viveu.

Servindo ao mundo
Já na Índia, ao serviço dessa congregação como professora, ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se ao "Lar dos Moribundos", em Kalighat. A princípio, ela teve alguns problemas de ordem religiosa, com alguns grupos que professavam uma outra fé, e conseqüentemente, uma outra religião e cultura, mas com o passar do tempo, todos foram notando, que ela tinha realmente boas intenções, e que sua obra tinha verdadeiramente um caráter nobre. Assim, ela começa a receber donativos de hindus, muçulmanos, budistas, etc. E assim também foi ocorrendo em relação às outras situações difíceis e problemáticas, tais como: crianças abandonadas, aidéticos, mulheres que haviam sido abusadas e engravidaram, leprosos...

Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e, entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Sri Lanka|Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.
O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Prêmio Templeton, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.
Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco, quando preparava um serviço religioso em memória da Princesa Diana de Gales, sua grande amiga e falecida ela própria 6 dias antes, num acidente de automóvel em Paris. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. Encontra-se sepultada em Motherhouse Convent, Calcutá, Bengala Ocidental na Índia. No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa.
O seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua sucessora.
Um de seus pensamentos era este: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”. Criou as missionárias da caridade, onde todas as freiras iriam ajudar não a ela, mas sim a todos os necessitados. Todos registrados.

A "noite escura" de Madre Teresa
Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro "Madre Teresa venha, seja minha luz" (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de setembro de 2007, traduzido e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus. Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a amar a escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado espiritual de sua obra', como escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que Jesus já não pode passar pela agonia - mas que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei à disposição."
No entanto, o texto de suas cartas não deve afetar a campanha por sua santificação, já que a Igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

A crise espiritual
Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí "viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte". "Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada"[4] Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia mística cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de identificação com Deus.
Silêncio divino.

Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que "tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".
Antídoto contra o sentimentalismo.
Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: "A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não "sentia" o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."

Deus Caritas Est
Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005, "sobre o amor cristão", cita Madre Teresa como exemplo de pessoa de oração e ao mesmo tempo de fé operativa:
A piedade não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do próximo. A beata Teresa de Calcutá é um exemplo evidentíssimo do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não lesa a eficácia nem a operosidade do amor ao próximo, mas é realmente a sua fonte inexaurível. Na sua carta para a Quaresma de 1996, essa beata escrevia aos seus colaboradores leigos: 'Nós precisamos desta união íntima com Deus na nossa vida cotidiana. E como poderemos obtê-la? Através da oração.[7]

Beatificação e canonização
Foi beatificada em 19 de outubro de 2003, com a ocorrência de um milagre ocorrido com Monica Besra, uma indiana, que foi curada de um tumor no estômago de forma inexplicável e cuja cura foi atribuída a Madre Teresa. Segue em aberto o processo de sua canonização.
Presidente Reagan presenteando a Madre Teresa com Medalha Presidencial da Liberdade em 1985.
Selo alemão do aniversário centenário da Madre, em 2010.

Títulos e homenagens
Padma Shree - Índia, 1962.
Ramon Magsaysay Award Foundation - Filipinas, 1962.
Doutora honoris causa em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica do Sagrado Coração.
Prêmio Nobel para a Paz - 1979.
Medalha Presidencial da Liberdade - Estados Unidos, 1985.

Cinema e literatura
- Madre Teresa é o tema do filme-documentário (1969) e do livro Algo bonito por Deus (1971) de Malcolm Muggeridge.
- Madre Teresa: Em Nome dos Pobres de Deus é um filme de 1997 dirigido por Kevin Connor estrelado por Geraldine Chaplin. Ganhou em 1998 o prêmio Art Film Festival.
- A vida de Madre Teresa foi retratada em 2003 em minissérie de televisão italiana Madre Teresa, estrelada por Olivia Hussey como Madre Teresa. Posteriormente, foi lançado internacionalmente como um filme de televisão Madre Teresa de Calcutá e recebeu o Prêmio

BIOGRAFIA - DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES


Nos ensina o Dr Bezerra de Menezes: “A vida, sob qualquer aspecto considerado, é dádiva de Deus que ninguém pode perturbar. Todos os seres sencientes desenvolvem um programa na escala da evolução demandando a plenitude, a perfeição que lhes é meta final.
Preservar a vida, em todas as suas expressões é dever inalienável, que assume a consciência humana no próprio desenvolvimento da sua evolução.
Quando alguém levanta a clava para interromper propositalmente o ciclo da vida, faz-se um novo Caim, jogando sobre si mesmo a condenação da consciência de culpa e experimentando, no remorso, hoje ou mais tarde, a necessidade de depurar-se, reabilitando-se, ao nadar nos rios das lágrimas.”
  
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti

Nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Solonópole, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de 1831, desencarnou em 11 de abril de 1900 no estado do Rio de Janeiro.
  
A Infância e a Família

Seu pai, Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e então tenente-coronel da Guarda Nacional, tinha fazendas de criação de gado; sua mãe chamava-se Fabiana de Jesus Maria Bezerra e era senhora do lar. Antônio era importante fazendeiro local que “nunca mediu sacrifícios, na hora de socorrer àqueles que lhe estendiam a mão”. Tanta generosidade acabou por levar sua fortuna material e em determinada altura as dívidas alcançaram níveis insuportáveis.

Antônio foi então procurar cada um de seus credores decidido a entregar seus bens para saldar as dívidas. Os credores, contudo, reuniram-se e decidiram que o coronel Bezerra continuaria com seus bens. Assinaram um documento que afirmava com força legal que o velho Bezerra ficasse com eles e “que gozasse deles e pagasse como e quando quisesse, que eles, credores, se sujeitariam aos prejuízos que pudessem ter.” O velho Bezerra, contudo, não aceitou tal decisão.

Depois de muita discussão, resolveu que daquela data em diante seria simplesmente um administrador dos bens para seus credores. Retirava apenas o extremamente necessário para o sustento da família e muitas vezes passou privações. A esta altura, o menino Adolfo, último filho do casal, já estava terminando o então chamado curso preparatório. Os dois filhos mais velhos tinham se formado em direito e o terceiro ainda cursava o segundo ano na Faculdade de Direito de Olinda, Pernambuco.

O pequeno Adolfo Bezerra de Menezes tinha sete anos de idade quando foi levado pela mãe para ser matriculado na escola pública da Vila do Frade. Em dez meses o menino aprendeu a ler, escrever e fazer contas simples. Quatro anos depois, quando o pai estava sendo alvo de perseguição política, a família mudou-se para o Rio Grande do Norte. O pequeno Adolfo “foi matriculado na aula pública de latinidade, que funcionava na Serra dos Martins e era dirigida por padres jesuítas” em Maioridade, hoje cidade de Imperatriz. Após dois anos, o rapaz tornou-se tão bom na matéria que chegou a substituir o professor.

Em 1846, o velho Bezerra voltou para a capital do Ceará, onde o pequeno Adolfo foi matriculado no Liceu, que era dirigido pelo seu irmão mais velho. Terminando seus estudos, mostrou a vontade de ser médico, e não advogado como os irmãos. Como não havia faculdade de medicina no Nordeste do país, o pai foi obrigado a mandá-lo para a então sede da Corte, a cidade do Rio de Janeiro; contou-lhe tudo que havia acontecido com os bens da família, explicando a pobreza por que passavam. Os parentes cotizaram-se e levantaram quatrocentos mil réis para pagar a viagem até o Rio. Foi assim que Adolfo Bezerra de Menezes pôde pegar o navio e chegar na então sede do Império.

 O Sacerdócio na Medicina

Aos vinte e dois anos, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou- se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.

Como não tinha dinheiro para montar um consultório, entrou em acordo com um colega de faculdade que possuía mais recursos e passou a dividir uma sala no centro comercial da cidade. Durante os meses em que o consultório ficou aberto, quase não houve pacientes. Mas a casa onde morava o médico Bezerra ficava repleta de doentes. Começou a atender aos componentes da família e depois aos amigos. Sua fama correu pelo bairro e os clientes apareciam; mas ninguém pagava, pois eram todos gente pobre e o dinheiro nunca foi mencionado.

Foi então que um amigo e médico militar, Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, chefe do corpo de saúde do Exército, resolveu contratá-lo como médico militar. Dr. Feliciano era chefe da clínica cirúrgica do Hospital da Misericórdia, hospital este onde o Dr. Bezerra tinha sido praticante e interno em 1852, quando ainda cursava o segundo ano de faculdade. Ainda em 1856, o governo imperial fez a reforma do Corpo de Saúde do Exército e nomeou o Dr. Feliciano como cirurgião-mor. Ele, então, chamou Bezerra para ser seu assistente e foi assim que, com um emprego remunerado estável, começou o caminho do médico dos pobres.

Bezerra continuava atendendo gratuitamente aqueles que não podiam pagar. Sua fama continuava a se espalhar e o consultório do centro da cidade começou a ficar movimentado, também com clientes que pagavam. O dinheiro que recebia no consultório era gasto com os seus pobres em remédios, roupas ou simplesmente auxílio em dinheiro.

Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar- se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro -- esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida."

 O Casamento e a Iniciação Política

Com a vida mais organizada, resolveu casar tendo encontrado o amor na pessoa de D. Maria Cândida Lacerda; casaram-se em 6 de novembro de 1858. Nesta época, tinha posição social: além de médico, era jornalista, escrevendo para os principais jornais da cidade; no meio militar era muito respeitado. Não demorou muito até que lhe oferecessem um lugar na chapa de um partido para as eleições do Poder Legislativo.

D. Maria foi uma das maiores incentivadoras da candidatura de Bezerra de Menezes. Os habitantes de São Cristóvão, bairro onde morava e clinicava, também queriam tê-lo como representante na Câmara Municipal; foi assim que em 1860 foi eleito por um grupo de São Cristóvão. Mas houve uma tentativa de impugnar seu diploma sob o pretexto de que um militar não poderia ser eleito. Bezerra teve então de escolher entre a carreira militar e a política. Seguindo os conselhos de sua esposa, renunciou à patente militar e abraçou a vida política de vez.

Contudo, o destino reservava-lhe uma difícil provação para o ano de 1863. Depois de uma doença rápida e repentina, sua esposa desencarnava em menos de vinte dias no outono deste ano. Deixava o marido com dois filhos: um com três anos e outro com um ano de idade.

O golpe da viuvez moveu os sentimentos religiosos que a dor sempre traz à tona. Em busca de consolação, Dr. Bezerra passou a ler a Bíblia com freqüência. Verificava a expansão vertical que a dor oferece às almas dos que sofrem, ligando-os a Deus.
  
Re-Conhecendo Doutrina Espírita

No mundo, o Espiritismo estava a se expandir. Em 1869 desencarnava Allan Kardec em Paris , deixando consolidada para a humanidade a Codificação Espírita. As idéias de Kardec eram revolucionárias e atraíam a atenção de sérios investigadores e cientistas mundo afora. Desencarnado o Codificador, restava a Obra a arregimentar novos espíritas.

No Brasil, principalmente na Capital, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, as influências européias modificavam a vida local. A homeopatia popularizava-se aos poucos, principalmente nos meios espíritas. Teve como um dos seus primeiros experimentadores o baluarte da República José Bonifácio de Andrada e Silva ; “Desde 1818, o Brasil principiara a ouvir falar da homeopatia. O Patriarca da Independência correspondia-se com Hahnemann” , o criador da Homeopatia . Como médico, as discussões sobre a terapêutica homeopática também interessaram ao Dr. Bezerra de Menezes e notícias de curas creditadas a essa terapêutica chegaram a seus ouvidos.

O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu- mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
  
Medicina e Espiritismo

A Doutrina Espírita difundia-se, em muito ajudada pelas práticas de médicos homeopatas e espíritas, que passaram a prestar a Caridade também através de sua mediunidade . Um desses médicos era João Gonçalves do Nascimento ; muitos colegas de Bezerra de Menezes falavam das curas operadas através deste médium e tanto falaram que um dia Bezerra resolveu pedir-lhe uma receita enviando um pedaço de papel que dizia: “Adolfo, tantos anos, residente na Tijuca”). Logo recebeu uma resposta com o diagnóstico correto de seu problema de estômago.

Ficou tão impressionado que resolveu pedir receitas também para pessoas que apresentavam problemas psíquicos — a loucura foi uma das áreas que Dr. Bezerra mais estudou. Acompanhou o desenvolvimento do tratamento em seus pacientes e depois de simplesmente assistir aos trabalhos desobsessivos, resolveu participar ativamente nesse tipo de tratamento. Na visão da Doutrina Espírita, os portadores de doenças psíquicas são pessoas que podem apresentar problemas mentais devido às causas biológicas detectáveis pela ciência humana e também devido à influência de espíritos de desencarnados , também doentes.

 Segundo Casamento e a Carreira Política

Em 1864, Bezerra foi reeleito vereador e casou-se com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado , irmã materna da sua primeira esposa. Com ela, sua esposa até o leito de morte, teve sete filhos.

Deu continuidade à sua carreira política. Em 1867 foi aclamado e eleito deputado geral. Em 1878 foi reeleito deputado, tornou-se presidente da Câmara Municipal (correspondente ao atual cargo de Prefeito Municipal) e líder do seu partido, permanecendo no cargo até 1881. Manteve diversas lutas políticas, sendo conhecido como homem público que não comprometia seus princípios para colher favores ou posições.

A exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu- se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.

Desviado interinamente da atividade política e dedicando- se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou- se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.

Retornando à política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.

 A Organização do Movimento Espírita

O amor e dedicação de Bezerra pela Doutrina Espírita deram bons frutos e ele veio a exercer papel fundamental no Movimento Espírita brasileiro. Nessa época o Espiritismo no Brasil buscava organizar-se: em 1876 surgia a primeira sociedade espírita no Rio de Janeiro; em 1883, Augusto Elias da Silva , interessado na difusão dos ensinos espíritas, fundava a revista O Reformador e punha-se a procurar colaboradores.

O espiritismo sofria perseguições e era combatido veementemente. A imprensa era fonte diária de críticas ferozes; os sermões enchiam os púlpitos de insultos e insinuações contra a Doutrina. Elias da Silva foi então buscar em Bezerra de Menezes conselhos sobre como revidar toda a animosidade contra o Movimento Espírita. A resposta dada pelo Dr. Bezerra foi o de não seguir o caminho do ataque, de não combater o ódio com o ódio, mas antes combater o ódio com o amor . A tônica deste conselho norteou toda a vida e o trabalho de Bezerra, dentro e fora do Movimento Espírita brasileiro.
  
Pela Unificação do Movimento Espírita

Em 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível.

A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.

No dia 27 de dezembro de 1883, Augusto Elias da Silva faz uma reunião com os 12 companheiros que o ajudavam no REFORMADOR. Nesse encontro, eles decidem fundar uma nova instituição, que não fosse nem mística, nem científica, deveria ser ideologicamente neutra.

Assim, no dia 1° de janeiro de 1884 foi fundada a Federação Espírita Brasileira (FEB), que promoveria a doutrinação, a disciplina e o intercâmbio de experiências entre os diversos centros já existentes. Bezerra foi um dos primeiros a ser convidado para assumir a posição de presidente da organização, mas não aceitou por não se considerar capaz de tamanha responsabilidade. Seu primeiro presidente foi o Marechal Ewerton Quadros e o O REFORMADOR torna-se o órgão oficial da FEB.

Em 1887, o Médico dos Pobres passou a escrever uma série chamada “Espiritismo — Estudos Filosóficos”, que saía aos domingos no jornal “O País ”, com o pseudônimo de Max . Vale lembrar que na época esse era o jornal mais lido no Brasil. Continuaria a série de artigos até o Natal de 1894. Escreveria depois, com o mesmo pseudônimo, em outros dois jornais sempre em defesa dos postulados do Cristo Jesus, calcado na visão espírita .
Em 1888, logo no início da série de artigos, Dr. Bezerra perdeu dois filhos. Reagiu e continuou trabalhando. Durante cinco anos, escreveu sobre a Doutrina, elucidou muitas pessoas e arrebanhou outras tantas para as fileiras espíritas.

Em 1889, o Marechal Ewerton Quadros foi transferido para Goiás, ficando impossibilitado de permancer à frente da FEB.

Para seu lugar, foi eleito o famoso médico e deputado Adolfo Bezerra de Menezes, que, há cerca de três anos, havia chocado a sociedade carioca com a sua conversão ao Espiritismo. A intenção dos febianos era colocar um elemento de grande prestígio e força moral na presidência, a fim de fortalecer o processo de unificação.

Em 1889, o Dr. Bezerra tornou-se presidente da Federação Espírita, onde tentou a todo custo promover a união de todos os espíritas, inspirado principalmente por mensagem ditada mediunicamente por Allan Kardec em janeiro do mesmo ano, através do médium Frederico Júnior , chamada “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil ”.

Bezerra lutou muito para apaziguar as diferenças dentro do meio espírita e tinha como objetivo promover uma liderança que abrigasse todos os espíritas do Brasil. Quanto mais aumentavam as dissensões, mais aumentava também seu esforço e trabalho.
Na falta de pregadores espíritas cristãos, assumiu ele mesmo a função. Iniciou uma sessão semanal na Federação para o estudo de O Livro dos Espíritos no dia 23 de maio de 1889 e os resultados obtidos foram os melhores possíveis, com o grande número de pessoas que lá compareciam.

Além disto, realizava conferências e reuniões em uma casa espírita chamada União. Em outra casa chamada “Centro ”, que ele mesmo fundara para promover o estudo do Evangelho e de O Livro dos Espíritos, tentava conciliar as diferentes correntes de pensamento espírita. E ainda em um outro grupo, participava dos trabalhos de desobsessão .

A mensagem “Instruções”, de Kardec, fornecia as diretrizes para o trabalho do Dr. Bezerra . A certa altura Kardec pergunta: “Onde está a escola de médiuns?” e esse ponto ficou gravado na mente de Bezerra. Na realidade, ele não encontrou uma escola de médiuns em parte alguma. A solução encontrada foi fundar ele mesmo a tal escola.

Muitos se opuseram à idéia, mas ele terminou por instalar a “Escola de Médiuns ” no “Centro ”. Foi quando se viu só, pois nem mesmo os próprios membros da diretoria desta instituição freqüentavam a escola. Chamou a todos, mas ninguém comparecia.

Contudo, a Doutrina ganhava terreno em outras áreas. “A Federação inaugurava o seu período áureo, preparando-se para a projeção formidável que iria ter no futuro”. Instituiu-se o serviço filantrópico de “Assistência aos Necessitados”, que atraiu muita gente.

Bezerra continuava esquecido no “Centro ”, mas mesmo assim manteve firme seus propósitos. A situação chegou a um ponto em que a despesa e os gastos da instituição tornaram-se insustentáveis, e Bezerra já não podia usar de seus próprios recursos. Convocou por carta cada um dos membros da diretoria, para buscar a solução do problema. Ninguém atendeu ao chamado.

Na semana seguinte, convocou-os novamente. Ninguém veio. Foi à casa de um por um para convocar uma última reunião que fosse. Nem mesmo assim eles queriam comparecer. Bezerra foi então sozinho procurar abrigo em outra casa espírita, onde foi bem recebido. Mas a boa acolhida não durou muito tempo, já que apareceriam novamente as dissensões entre as correntes de pensamento espírita. O Movimento Espírita carecia de união.

 A Proibição do Espiritismo

O Brasil seguia em frente fazendo sua História. Em 1889, a República foi proclamada. Nosso país não mais seria governado por um imperador, mas por um presidente eleito pelo voto.

Em outubro de 1890, entrou em vigor o então Novo Código Civil . A recém proclamada República vivia com receio de conspiração daqueles contrários ao novo regime e por isso o Código Civil impunha limites às associações das pessoas, dentre as quais as reuniões espíritas. Reuniões de qualquer natureza eram denunciadas à polícia sob suspeita de conspiração.

O Reformador teve sua publicação suspensa; as casas espíritas chegaram a fechar.

O receio fez com que as diversas organizações espíritas se unissem e tomassem uma atitude, encabeçadas pela Federação . No final de 1890, enviaram todas unidas uma “Carta Aberta” ao Ministro da Justiça e um grupo de representantes ao Governo, que entrou com recursos à Constituinte.

Na Europa, o Espiritismo vivia um clima muito voltado à pesquisa dos fenômenos mediúnicos, tendência que chegou também ao Brasil. Todos os estudos ficaram voltados para o fenômeno , dando uma menor importância aos princípios morais enfocados pela doutrina codificada por Kardec. E o Evangelho ficou relegado a um segundo plano.

Dr. Bezerra , “que não podia compreender Espiritismo sem fé religiosa”, manteve-se no seu trabalho devocional, totalmente isolado das tendências da moda. Continuava escrevendo os artigos doutrinários no “País”, ia ao “Centro Ismael ”, e trabalhou até mesmo em um romance chamado “Lázaro, o Leproso”, publicado em 1892.

Em 1893, a situação ficou crítica. Dr. Bezerra estava só e desprovido de recursos materiais. Nunca havia se preocupado muito com suas finanças e assim chegou ao fim de suas reservas. Por sua vez, a situação política do país estava muito conturbada no final daquele ano pela Revolta da Armada, e as tropas estavam acampadas nas ruas. Já em setembro, houve o fechamento de todas as sociedades, espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O Paiz".
  
Reconstruindo o Movimento Espírita

Em 1894, apesar das divergências, as diferentes correntes restauraram a Federação, e em seguida, retomaram a publicação do Reformador. As novas diretrizes tencionavam alcançar o meio termo entre Fé e Ciência , Amor e Razão ; mas as lutas entre os irmãos espíritas continuavam.

Com as desavenças, Dias da Cruz, o então presidente da Federação, deixou o cargo. Em 1895, o presidente seguinte, Júlio Leal , também o deixou. Restaram o cargo vago e a dúvida sobre quem convocar para ocupar a presidência.

O único nome que surgiu como consenso foi o de Bezerra de Menezes, e, em julho de 1895, um grupo de membros da diretoria da Federação bateu à sua porta. Bezerra estava cansado, doente, abatido pela dissensão entre os irmãos espíritas; apesar de todos os argumentos apresentados, não aceitou o convite. “Com a perspectiva de poder conciliar a grande família espírita em torno do ideal cristão, o venerando ancião prometeu pensar”.

No dia seguinte, foi como sempre à sessão das sextas-feiras do Grupo Ismael , onde dirigia os trabalhos. Abriu os trabalhos, mas parecia aflito, com a cabeça entre as mãos. Depois da prece de abertura, feita por Bittencourt Sampaio, permaneceu na mesma posição. Quando por fim se levantou, estava transtornado e ficou assim durante a primeira etapa dos trabalhos, que consistia do recebimento de mensagens psicografadas. No momento da explanação dos temas evangélicos, Bezerra falou visivelmente emocionado das desavenças no Movimento Espírita e sobre o convite que havia recebido. Confessou-se fraco para assumir a posição àquela altura dos acontecimentos.

Terminou a explanação pedindo auxílio à Espiritualidade e prometeu seguir o que lhe fosse indicado. Pouco depois, o espírito Agostinho manifestou-se pelo médium Frederico Júnior , o mesmo médium que anos antes havia sido instrumento de Allan Kardec (Espírito) para ditar as “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil ”. Agostinho instruiu que Bezerra tomasse o cargo da presidência e se pusesse como elemento conciliador capaz de unir e erguer a família espírita, prometendo auxiliá-lo em mais esta tarefa. Naquela mesma noite Bezerra de Menezes anunciou aceitar o cargo, permanecendo presidente até 1900, quando voltou a pátria espiritual.

 Desencarne

Em janeiro de 1900, Dr. Bezerra sofreu violento derrame cerebral, que o prostrou em uma cama. Durante três meses Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti agonizou sem poder falar ou se movimentar. Só os olhos ainda se moviam. A notícia correu a cidade e causou verdadeira peregrinação à casa do médico, no subúrbio modesto. Assim como acontecia no seu consultório, pobres e ricos misturaram-se em sua casa para visitar o doente.
A cena era singular: cada pessoa entrava uma a uma no quarto onde estava Bezerra , sentava-se em uma cadeira, não falava nada,— já que ele não poderia responder — ficava alguns minutos e saía comovida pelo olhar que Bezerra lhe dirigia. A procissão seguiu-se dia e noite.

No dia 11 de abril de 1900, na casa da Rua 24 de maio, Bezerra passou suavemente para a Vida Maior. A cidade agitou-se com o seu desencarne, esteve presente no sepultamento do Médico dos Pobres e prestou-lhe homenagens.

Na Espiritualidade, Bezerra foi recebido pelas hostes do bem com louros de amor . Os anos de trabalho como verdadeiro servo do Cristo encarnado na terra transformaram-se em luzes para seu espírito, conferiram-lhe verdadeiro galardão espiritual. “Bezerra desprendeu-se do orbe, tendo consolidado a sua missão”.
  
Um “Causo” do Dr. Bezerra

Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.

Desesperado - uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida - e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.

Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.

Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.

O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou- lhe então a quantia de cinqüenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu- se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.

No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira.

Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:

Bezerra - Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.

Bittencourt Sampaio - O trabalhador da vinha é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.

Bezerra - De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto aliás me tem criado sérias dificuldades, tornando- me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.

Bittencourt - E por que não te tornas médico homeopata?

Bezerra - Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.

Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:

S.Agostinho - Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.

Bezerra - Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?

S.Agostinho - Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo- te, quando precisares, novos discípulos de Matemática..