quinta-feira, 22 de setembro de 2016

OS LOBOS SOLITARIOS

Esclarecem os Espíritos que fomos criados simples e ignorantes, mas Deus nos outorgou o livre-arbítrio a fim de que tomássemos as nossas próprias decisões e escolhêssemos os caminhos que mais nos conviessem. Ao longo do processo, há aqueles que rapidamente percebem que a prática do bem é a melhor alternativa a ser seguida. Afinal, ela é comprovadamente a rota mais célere e capaz de levar as criaturas a desfrutar da plenitude espiritual e da felicidade sem limites no reino de Deus. Mas há outros que preferem a via mais tortuosa e, por isso, enganosa.

Ou seja, aquela que conduz os indivíduos ao comportamento hediondo, às atitudes execráveis e aos erros clamorosos que levarão à imputação de ásperos corretivos aos Espíritos recalcitrantes. Posto isto, está claramente evidenciado – pois os fatos atuais assim o demonstram – que a Terra alberga na sua população certo número de almas que optaram por seguir os caminhos mais escabrosos. Aliam-se ao que existe de pior em termos de aspirações humanas. Deleitam-se com as ideias malsãs e com a violência que praticam.

Estão também aí situados os chamados lobos solitários. Eles são basicamente indivíduos desajustados e perversos no mais alto grau possível. São almas ainda impermeáveis aos apelos da misericórdia e compaixão, bem como a qualquer noção do bem, respeito e tolerância para com os que não lhes compartilham os mesmos valores de vida. Por possuírem escassos recursos cognitivos – já que são Espíritos absolutamente carentes de lucidez e discernimento – não conseguem perceber o quão manipuláveis são nas mãos de outras almas ainda mais sagazes e persuasivas.

Como autênticos peões das forças do mal se colocam à disposição para a execução de atos aviltantes que lhes reduz mais ainda a estatura moral. Na essência, são os agentes do “escândalo”, conforme alude o Evangelho de Jesus. Desse modo, como há a necessidade de que “venham os escândalos” no palco terreno – afinal, considerável contingente de pessoas no orbe necessita enfrentar a via dolorosa da desencarnação, a fim de se recuperar perante as leis divinas –, a loucura dessas almas acaba auxiliando no aperfeiçoamento de outras.

Podemos deduzir o que devem enfrentar esses soldados da ignorância ao adentrar na vida espiritual. Não temos conhecimento de obra espírita abalizada que trate apropriadamente do tema. Mas graças aos conhecimentos colhidos em livros como, por exemplo, Memórias de um Suicida, ditado pelo Espírito Camilo Cândido Botelho (psicografia de Yvonne A. Pereira), imaginamos os terríveis padecimentos desses indivíduos além-túmulo – talvez em regiões abissais.

Conjecturamos as precaríssimas condições em que devem chegar à dimensão espiritual ostentando o duplo rótulo de suicidas-terroristas (aliás, como se enganam ao imaginar que tal categorização possa elevá-los de algum modo aos olhos do Criador). Especulamos que devem muito provavelmente carregar profundas e chocantes deformações em suas matrizes perispirituais. Ainda no terreno da especulação, pode-se aventar a possibilidade de que devem exibir, em profusão, estigmas e chagas na alma, que lhes exigirão séculos de lágrimas, dor e arrependimento. Pode-se igualmente conceber a agonia dessas criaturas ao lado, por longo tempo, das suas vítimas despedaçadas – e/ou recebendo imagens na sua tela mental – a lhes cobrar as consequências do ato tresloucado.

Infelizmente, a colheita é obrigatória para todas as almas. Nada justifica a adoção da tirania e da crueldade. Nenhuma crença, ideologia ou religião que propague a violência pode estar do lado de Deus. Essa é uma hora muito importante para a humanidade aplicar a recomendação de Jesus referente à necessidade constante de vigiar e orar. Afinal, estamos sujeitos a ter de enfrentar, a qualquer momento, a sanha de terroristas desalmados que vagueiam por todas as partes do mundo. Aos potenciais delinquentes, por outro lado, é sempre oportuno o exercí
cio da prece, da reflexão e da análise racional dos fatos e coisas para não se perder o elo com a luz.

sábado, 17 de setembro de 2016

A Cilada das Almas Gêmeas

A Doutrina Espírita é clara no que diz respeito às almas gêmeas. Não existem metades que precisam se completar para desfrutar a eterna felicidade. Cada um de nós é uma individualidade que estabelece laços e afinidades com outras individualidades, através dos tempos e das vivencias sucessivas. Se substituirmos o termo “gêmeo” por “afim”, vamos perceber que são muitas as almas afins que encontramos e reencontramos por esse mundão de meu Deus, e que todas elas, cada uma seu modo, têm seu espaço e importância em nossa caminhada. Podemos dizer então que são várias as nossas “almas gêmeas”. Amigos, filhos, irmãos, pais, mães, maridos e esposas, entre outros, formam a imensa fileira das relações de afinidade construídas vidas afora.

      Porém, apesar da clareza dos ensinamentos espíritas, ainda vemos muita gente boa, dentro do nosso movimento, cair nessa armadilha emocional, que está mais pra conto do vigário que pra conto de fadas, e pode gerar graves conseqüências, não só na vida pessoal, como também no núcleo espírita em que trabalham.
      Temos presenciado histórias preocupantes. Aqui, são aqueles dois médiuns, ambos casados com outros parceiros, que se descobrem “almas gêmeas”; E aí, tentam se enganar que estão “renunciando”… Mantém-se em seus casamentos, mas tornam-se “irmãos siameses” na Casa Espírita. Sentam-se lado a lado nas reuniões, são vistos juntos em todos os lugares, dão sempre um jeitinho de fazer parte da mesma equipe (isso quando não arranjam uma missão que “a espiritualidade designou somente aos dois”) e se isolam pelos cantos em conversas particulares sem fim. Só tem olhos um para o outro e, em tal enlevo, não se dão conta que à sua volta todos sentem o que está acontecendo, sobretudo seus maridos e esposas, humilhados publicamente no melhor estilo adultério por pensamento e intenção, embora sob a máscara do amor fraternal. Sim, porque o fato de não partirem para o ato sexual não os exime do abandono afetivo e da traição emocional em relação aos cônjuges.
      Acolá, é aquela irmã solitária e carente, que se depara com o eloqüente e carismático orador. Que palestra!… Que palestrante!… Que homem! Ele só tem um defeito: É casado!… E logo com aquela senhorinha já envelhecida e meio sem graça… Que desperdício!… E eis que de repente ele também a vê na platéia… Bonitona, elegante, jovial e olhando-o com aquele olhar de admiração apaixonada que há muito ele não percebe na companheira… Afinal, o casamento – como todos após lá seus trinta anos – já entrou na rotina. Oh céus! Ali mesmo cupido dispara a flexa e zás!…       Começam as justificativas íntimas: “Como não tinham se descoberto antes?!… Por certo eram almas gêmeas que há muito se procuravam… O casamento foi um equívoco; o reencontro uma programação para que pudessem trabalhar juntos para Jesus.” Resolvem então assumir o romance.       A mulher dele, abandonada após anos de companheirismo e convivência, entra em profunda depressão, os filhos se revoltam, a família se desestrutura, os companheiros se retraem, decepcionados e temerosos… “Ora, quem tem suas mulheres e maridos que se cuide, pois se aconteceu com o fulano, que era um exemplo, ninguém está livre”…
      Instala-se então o tititi e a desconfiança. Daí para o escândalo é apenas um passo, e para o afastamento constrangido dos próprios envolvidos, sua família e outros tantos trabalhadores desencantados com a situação, é um pulo. Sofrimento, deserção e descredibilidade. Tudo pelo direito ao “felizes para sempre”junto à sua “metade da laranja”… Mas, onde é que está escrito, no Evangelho, que é possível construir felicidade sobre os escombros da felicidade alheia ou edificar relacionamentos duradouros em alicerces de leviandade e egoísmo?
      Temos visto estrondosos equívocos desse tipo mexer seriamente com estruturas de famílias e Casas Espíritas, fazendo ruir Instituições e relações que pareciam extremamente sólidas. Temos visto companheiros valorosos das nossas fileiras, que caminhando distraídos de que “muito se pedirá àquele que muito tiver recebido”, de repente resolvem jogar pro alto o patrimônio espiritual de uma vida inteira, em nome do “amor”. E assim, cônjuges dedicados e dignos são descartados como se não tivessem alma nem sentimentos, em detrimento de aventuras justificadas por argumentos inconsistentes, sem nenhum respaldo ético/moral ou espiritual. Isto quando ainda há um mínimo de honestidade e se pede a separação, porque alguns preferem continuar comodamente em seus relacionamentos “provacionais”, porém mantendo, na clandestinidade, um “afair” paralelo com a tal “metade eterna”, sob a desculpa esfarrapada de que a família deve ser poupada, pois “família é sagrado!!!”
      Logo se faz sentir o efeito dominó. Lá adiante, após vários corações feridos e muitas quedas morais, a convivência faz a alma gêmea virar “alma algemada”. As desilusões chegam, inevitáveis, com todo o peso resultante das atitudes ditadas pelas paixões, mas na maioria das vezes, já é tarde pra retomar, ainda nesta existência, o percurso abandonado.
Continuação…
      Reflitamos. Ninguém chega atrasado na vida de ninguém. Se chegou depois é porque não era pra ser. E se não era pra ser há um bom motivo para isso, visto que as Leis Divinas são indiscutivelmente sábias, justas e providenciais. Não tem pra onde fugir: Quando o teste nos procura, ou somos aprovados ou forçosamente teremos que repetir a lição futuramente, e em condições bem mais adversas…
      Podemos reencontrar, no grupo de trabalho espírita, grandes amores e paixões do passado que nos reacendem sentimentos e sensações maravilhosas? Sim. Podemos olhar para companheiros de ideal espírita com outros olhos que não sejam os do amor fraternal? Sim. Nada mais natural. Mas sabemos, pelo Apóstolo Paulo, que poder nem sempre significa dever… Portanto, o bom-senso nos diz que investir ou não afetivamente nessas pessoas, vai depender de que ambos estejam livres para fazê-lo.
      Alguém haverá de argumentar que casamento não é prisão e que aliança não é corrente; que ninguém está preso a ninguém “até que a morte os separe” e que o próprio Cristo admitiu a dissolução do casamento. Porém, o espírita não desconhece que, na maioria dos casos, muito além dos compromissos cartoriais existem profundos compromissos e dívidas emocionais entre aqueles que se escolheram como marido e mulher nesta vida. Compromissos muito sérios para serem dissolvidos porque o corpo requer sensações novas, porque a mulher envelheceu, perdeu o brilho ou porque o marido ficou rabugento… Como se o outro estivesse só quebrando um galho enquanto a “outra metade” não chegava…
      Todos almejamos felicidade, e no estágio evolutivo em que nos encontramos, isso ainda tem muito a ver com realização afetiva. Por isso mesmo, não devemos ignorar que só a quitação de antigos débitos emocionais é que nos facultarão essa conquista. Precisamos interiorizar, de uma vez por todas, que os casamentos por afinidade ainda são raros neste momento planetário, e que se ainda não conseguimos amar o parceiro que nos coloca em cheque ou aquele que não corresponde aos nossos anseios, o conhecimento das leis morais exige que ao menos nos conduzamos com um mínimo de retidão e tolerância diante deles. Tal consciência nos exige também, caso nos sintamos atraídos por companheiros já comprometidos, que nos recusemos terminantemente, sob qualquer pretexto, a desempenhar o deprimente e desrespeitoso papel da terceira pessoa numa relação, pois não há conversa fiada de alma gêmea que dê jeito no rombo emocional aberto pela desonestidade afetiva, nem justificativa de carência e solidão que nos permita desviar da rota do dever sem que tenhamos, forçosamente, que colher amargos frutos, porque “se o plantio é livre, a colheita é obrigatória”.
      Não se colhe rosas plantando espinhos. Sejamos responsáveis diante daqueles que escolhemos e que nos escolheram para compartilhar a vida. Acautelemo-nos contra as ilusões. Se os nossos anseios são irrealizáveis por agora, respeitemos as limitações impostas pelo momento que passa; Por mais possa doer olhar de longe um dos muitos seres amados, que cruza o nosso caminho nesta vida, mas que já optou por outra pessoa, só a dignidade de nos manter à distância é que vai possibilitar, pelas justas leis da vida, que conquistemos por mérito, lá na frente, em outras circunstancias, a alegria do reencontro e a partilha do afeto junto àquele que nos é tão caro, porque estaremos redimidos dos ônus afetivos do ontem através das atitudes renovadas do hoje.
      “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mateus 6.33)
      Saibamos buscar… Saibamos esperar… Trabalhemos por merecer… Afinal, temos pela frente a eternidade!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Para renovar-nos

Não espere viver sem problemas, de vez que problemas são ingredientes de evolução, necessários ao caminho de todos.

Ante os próprios erros, não descambe para o desculpismo e sim enfrente as conseqüências deles, a fim de retificar-se, como quem aproveita pedras para construção mais sólida.

Não perca tempo e serenidade, perante as prováveis decepções da estrada, porquanto aqueles que supõem decepcionar-nos estão decepcionando a si mesmos.

Reflita sempre antes de agir, a fim de que seus atos sejam conscientizados.

Não exija perfeição nos outros e nem mesmo em você, mas procure melhorar-se quanto possível.

Simplifique seus hábitos.

Experimente humildade e silêncio, toda vez que a violência ou a irritação apareçam em sua área.

Comunique seus obstáculos apenas aos corações amigos que se mostrem capazes de auxiliar em seu benefício com discrição e bondade.

Diante dos próprios conflitos, não tente beber ou dopar-se, buscando fugir da própria mente, porque de toda ausência indébita você voltará aos estragos ou necessidades que haja criado no mundo íntimo, a fim de saná-los.

Lembre-se de que você é um Espírito Eterno e se você dispõe da Paz na Consciência estará sempre inatingível a qualquer injúria ou perturbação.


André Luiz;

Formas de governo (Divaldo Franco responde)

Qual a forma de Governo mais de acordo com a sociedade de bases cristãs de que fala “O Livro dos Espíritos” – o CAPITALISMO ou o SOCIALISMO? 

O Governo é, sobretudo, o homem que o orienta, seja este ou aquele o método utilizado. Se é injusto e indigno, ele torna o processo governamental degradante.


Temos na sociedade contemporânea essas duas vertentes que se tornaram clássicas nos últimos setenta anos no mundo: capitalismo de um lado com as suas conquistas e desgraças e o socialismo do outro, com as suas promessas e decepções. 

Ainda há pouco (1989) foi derrubado o muro de Berlim, demonstrando a falência do socialismo marxista, trotskista, que tanto se afigurou, no começo da revolução soviética, como sendo a esperança do proletariado. Um sistema de governo que proíbe o cidadão de usar a liberdade de escolha para onde ir é pior que qualquer ditadura que o sevicia (maltrata, tortura), obrigando-o a submeter-se às injunções arbitrárias dos títeres que o tornam desventurado. 

Gorbachev, levantou a biografia dos seus governantes anteriores. Stalin, que mandou aproximadamente dois milhões de pessoas para o exílio na Sibéria, era fruto espúrio do comunismo. O Khmer Vermelho do Camboja, para ficar no poder, matou um milhão de opositores, numa população de seis milhões. A revolução chinesa de Mao ceifou inúmeras vidas. 

Do outro lado, o capitalismo é responsável pela miséria do Terceiro Mundo, que se apresenta em condição deplorável de subumanidade, em que as mínimas reservas de energias foram negadas aos sobreviventes, num estado que se alonga ante a indiferença dos poderosos da Terra...

O grande problema ainda é o homem. Um pensador pessimista, com o qual não concordo, afirmou entusiasmado que “onde está o homem aí estão as suas misérias; tudo aquilo que o homem toca, corrompe...” Na área das religiões, por exemplo, se examinarmos o pensamento budista, constatamos-lhe uma beleza transparente. 

Hoje o Budismo, dividido em várias correntes, apresenta antagonismo de grupos que se entredevoram. A doutrina muçulmana, centralizada na pessoa de Maomé, tem as suas diretrizes específicas, mas os homens que os abraçaram e as dividiram fizeram do pensamento do Profeta tais ramificações, que o Líbano é um exemplo deplorável de como o indivíduo interpreta-as de acordo com as suas paixões. 

Vimos o exemplo do Irã, a antiga Pérsia, devastado pela personalidade cruel de Khomeiny, que teve a infeliz ideia de construir uma máquina para amputar as mãos dos ladrões, porque o braço dos carrascos ficava cansado, demonstrando que a doutrina religiosa com que pretendia salvar o mundo não dignificava nem os seus próprios meios. 

O Cristianismo é outro exemplo basilar. Lendo Jesus, em os Evangelhos, comove-me até às lágrimas, mas a história das Cruzadas é a narrativa da vergonha da humanidade cristã contra os mouros. Em seguida aparece Lutero, que restaura a letra bíblica asfixiada na Teologia, e não é necessário examinarmos as mais de trezentas correntes que se derivaram do luteranismo, digladiando-se, para cada uma delas ser a detentora da verdade. 

Veio o Consolador, e Allan Kardec, o inspirado, legou-nos uma doutrina enobrecedora, conforme se encontra nos seus livros, de fácil entendimento, e surgem novos intérpretes do pensamento kardequiano, alguns dos quais ousados e outros vaidosos, pretendendo que Kardec está superado, quando eles próprios, sequer, assimilaram o pensamento do mestre.

Na área da política o fenômeno é idêntico. Trabalha-se o homem, e teremos uma sociedade justa. Seja nobre o governante, qualquer linha ideológica de comportamento, e ele poderá construir uma sociedade feliz. Se olharmos os exemplos da Suíça, da Suécia, dos Estados Unidos, nos quais a prosperidade está à vista, encontramos bolsões de miséria moral que é muito mais destrutiva que a sócio-econômica. 

A Suécia é um dos campeões do mundo em suicídio. Os Estados Unidos possuem um dos mais altos índices de alcoolismo e de prostituição de menores, demonstrando que não é a forma de Governo a responsável, mas a conduta dos seus governantes e governados.

Não obstante, o Governo ideal, a sua forma política melhor, seria aquela na qual, uma democracia socialista, de raízes cristãs, concedesse aos indivíduos os direitos mínimos que eles necessitam desfrutar: trabalho, saúde, repouso, desportos, alimentação, educação e oportunidade de crescer com igualdade entre todos. Essa seria, na minha forma de entender, a filosofia política ideal para governar um povo. 

Divaldo Franco 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ESPIRITUALIDADE

Nossa base consciencial, influenciada pelo mecanismo materialista, egocêntrico e cético, nos conduz apenas para reconhecer as situações limitadas ao plano físico. Buscar a espiritualidade é proporcionar a si próprio a remoção de dogmas e paradigmas do inconsciente coletivo que limitam o alcance da percepção e nos mantém escravizados no universo das possibilidades limitadas da terceira dimensão, da ignorância e do sofrimento.
Se tornar espiritualizado é compreender a verdadeira causa da existência e consciência divina. É compreender que somos seres em evolução;
Desenvolver a espiritualidade é aprender a contemplar Deus sem querer nada em troca, gerando gratidão pela vida, independente das situações vividas;
Cultivar a espiritualidade é perceber que Deus está no simples, logo está presente em tudo;
Propagar a espiritualidade é querer que as boas coisas aconteçam com todos e em todo o planeta;
Compartilhar a espiritualidade é desenvolver a compaixão e a boa aventurança;
Preservar a espiritualidade é respeitar a natureza de cada ser;
Encontrar a espiritualidade é estar aberto a todos os caminhos que nos levem ao crescimento espiritual. É sofrer menos, ser mais feliz, ser saudável, ser próspero e ter o espírito radiante.

sábado, 10 de setembro de 2016

CAMINHOS

...Por que essa porta tão estreita, que é dada ao menor número transpor, se a sorte da alma está fixada para sempre depois da morte? É assim que, com a unicidade da existência, se está incessantemente em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se amplia..." ( Cap. XVIII, item 5)

Também os caminhos inadequados que tomamos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação. A cada tropeço é preciso aprender, levantar novamente e retornar à marcha.

Tudo o que sabemos hoje aprendemos com os acertos e erros do passado, e cada vez que desistimos de alguma coisa por medo de errar estamos nos privando da possibilidade de evoluir e viver.

A estrada por onde transitamos hoje é vossa via de crescimento espiritual e nos levará a entender melhor a vida, no contato com as múltiplas situações que contribuirão com o nosso potencial de progresso.

Devemos, no entanto, indagar de nós mesmos: "Será este realmente meu melhor caminho?" "Porventura é correta a senda por onde transito?". É justa a observação e têm propósito nossas dúvidas; por isso, raciocinemos juntos:

• Se Deus, perfeição suprema, nos criou com a probabilidade do engano, modelando-nos de tal forma que pudéssemos encontrar um dia a perfeição, é porque contava com os nossos encontros e desencontros na jornada existencial.

• Se nos gerou falíveis, não poderá exigir-nos comportamentos sempre irrepreensíveis, pois conhece nossas potencialidades e limites.

Se criaturas como nós aceitamos as falhas dos outros, por que o Criador em sua infinita compreensão não nos aceitaria como somos?

* Pessoas não condenam seus bebês por eles não saber comer, falar e andar corretamente; por que espíritos ainda imaturos pagariam por atos e pensamentos que ainda não aprenderam a usar convenientemente, pela sua própria falta de madureza espiritual?

O que pensar da Bondade Divina, que permite que almas escolham seu roteiro, de acordo com o livre-arbítrio depois cobrasse aquilo que elas ainda não adquiriram?

A Divindade é "Puro Amor" e sabe muito bem de nossos mananciais espirituais, mentais, psicológicos e físicos, ou seja, de nossa idade evolutiva, pois habita em nosso interior e sempre suaviza nossos caminhos.

Na justa sucessão de espaço e tempo, condizente com nosso grau de visão espiritual, recebemos, por meio do fluxo divino, a onipresença, a onisciência e a onipotência do Criador em forma de "senso de rumo certo", para trilharmos rotas necessárias à ampliação de nossos sentimentos e conhecimentos.

Diz a máxima: "Não se colhem figos dos espinheiros"; ora, como impor metas sem levar em conta a capacidade de escolha e de discernimento dos indivíduos?

Efetivamente, nosso caminho é o melhor que podíamos escolher, porque em verdade optamos por ele, na época, segundo nosso nível de compreensão e de adiantamento. Se, porém, achamos hoje que ele não é o mais adequado, não nos culpemos; simplesmente mudemos de direção, selecionando novas veredas.

A trilha que denominamos "errada" é aquela que nos possibilitou aprendizagem e o sentido do nosso "melhor", pois sem o erro provavelmente não aprenderíamos com segurança a lição.

Nós mesmos é que nos provamos; a cada passo experimentamos situações e pessoas, e delas retiramos vantagens e ampliamos nosso modo de ver e sentir, a fim de crescermos naturalmente, desenvolvendo nossa consciência. 

Ninguém nos condena, nós é que cremos no castigo e por isso nos autopunimos, provocando padecimento com nossos gestos mentais.

Aceitemos sem condenação todas as sendas que percorremos. Todas são válidas se lhes aproveitarmos os elementos educativos, porque, assim somadas, nos darão sabedoria para outras caminhadas mais felizes.

Mesmo aquelas trilhas que anotamos como caminhos do mal, não são excursões negativas de perdição perante a vida, mas somente equivocadas opções do nosso livre-arbítrio, que não deixam de ser reeducativas e compensatórias a longo prazo.

Cada um percorre a estrada certa no momento exato, de conformidade com seu estado de evolução. Tudo está certo, porque todos estamos nas mãos de Deus.

Hammed

RESISTA

Há dias em que temos a sensação de que 
chegamos ao fim da linha...
Não conseguimos vislumbrar uma saída viável para os problemas que surgem em grande quantidade.
Com você não é diferente. Você também faz parte desse mundo de provas e expiações desta escola chamada Terra 
e já ter passado por um desses dias, e pensado em desistir...
No entanto, vale a pena resistir...
Resista um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que sua coragem esteja cochilando.
Resista mais um minuto e será fácil resistir aos demais.
Resista mais um instante, mesmo que a derrota seja um imã... mesmo que a desilusão caminhe em sua direção.
Resista mais um pouco, mesmo que os pessimistas digam 
pra você parar. Mesmo que a sua esperança esteja no fim.
Resista mais um momento mesmo que você não possa avistar, ainda, a linha de chegada. Mesmo que a 
insegurança brinque de roda a sua volta.
Resista um pouco mais, ainda que a sua vida esteja sendo pesada na balança dos insensatos e você se sinta indefeso como um pássaro de asas quebradas.
As dores, por mais amargas, passam...
Tudo passa...
A ilusão funciona, mas se desvanece... 
A posse agrada, porém se transfere de mãos...
O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa...
O prazer alegra, todavia, é efêmero.
A glória terrestre exalta e desaparece.
O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido...
Tudo, nesta vida, tem um propósito...
A dor aflige, mas também passa.
A carência aturde, porém, um dia se preenche.
A debilidade física deprime, todavia, liberta das paixões.
O silêncio que entristece leva à meditação que felicita.
A submissão aflige, entretanto, fortalece o caráter.
O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina 
o homem a conquistar-se.
A situação muda, como mudam as estações...
O verão brinca de esconde-esconde com a brisa morna, 
mas cede lugar ao outono, que espalha suas 
tintas sobre a folhagem.
O inverno chega e, sem pedir licença, congela a brisa 
e derruba as folhas.
Tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume...
Será o fim? Não! Eis que surge a primavera e estende seus tapetes multicoloridos, espalhando o perfume no ar, reverdecendo novamente a paisagem...
Assim, quando as provas lhe baterem à porta, não se deixe levar pelo desejo de desistir, resista um pouco mais.
Resista, porque o último instante da madrugada é sempre aquele que puxa a manhã pelo braço...
E essa manhã bonita, ensolarada, sem algemas, nascerá para você, em breve, desde que você resista.
Resista, porque alguém que o ama está sentado na arquibancada do Tempo, torcendo muito para que você 
vença e ganhe o troféu que tanto deseja: a felicidade...
Não se deixe abater pela tristeza.
Todas as dores terminam.
Aguarde que o Tempo, com suas mãos cheias de 
bálsamo, traga o alívio.
A ação do Tempo é infalível e nos guia suavemente pelo caminho certo, aliviando nossas dores, assim como 
brisa leve abranda o calor do verão.
Mais depressa do que supõe, você terá a resposta, 
na consolação de quem necessita.
Por tudo isso, resista... e confia nesse abençoado 
aliado chamado Tempo.