quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

“A LIBERTAÇÃO SÓ VIRÁ COM A REFORMA INTIMA”


         “A LIBERTAÇÃO SÓ VIRÁ COM A REFORMA INTIMA”

                        Para iniciarmos o tema se faz necessário uma análise sobre a visão da dor, sob o ponto de vista de que, quanto mais grave o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio, pois o ser humano, espírito reencarnado na Terra, enfrente terrível inimigo conhecido como dor, mas por necessidade evolutiva, já que para os Espíritos Superiores a dor é mecanismo de progresso espiritual, constituindo-se, pois, numa instrutora em nossa vida.
                        A dor pode apresentar-se em três aspectos: física, espiritual e moral e recebem denominações várias: angústias, amarguras, aflições, tristezas, solidão, despeito, mágoa, ciúme, inveja, ingratidão, insegurança, irritação, indiferença, egoísmo, orgulho e todo um rosário de outras manifestações do espírito que se expressam na sua estruturação interna, com repercussões externas, incomodando-o profundamente e por isso, muito simples entender o que pretendemos mostrar. Não existisse a dor, o que aconteceria com a mão esquecida sobre uma chapa incandescente?

                        Como ficariam nossos pés se caminhássemos sobre espinhos ?  Se fossemos insensíveis ao choque elétrico, que conseqüências adviriam?

                        Para a medicina da terra a dor física é um sintoma de alarme, apresentando pelo organismo, dizendo que algo não vai bem com o seu funcionamento e vista dessa forma, a dor física deixa de ser uma inimiga e passa a ser uma grande aliada do nosso organismo ou do nosso corpo, pois este autêntico alarme revela que devemos parar e nos cuidar, de forma a atenuar ou aliviar por completo a sua presença desagradável e a forma mais eficaz para evitar a recidiva de qualquer sofrimento é descobrir a sua causa, pois quando descoberta, a criatura inicia toda uma vigilância a fim de não o provocar, agindo de forma a neutralizar a sua fonte geradora.

                        O mesmo procedimento devemos adotar com as nossas dores da alma, isto é, a dor moral, aquela que atinge diretamente o espírito, acima referidas, que se mostram, na maioria, de difícil erradicação, tendo em vista que também existe a necessidade de descobrir-se a causa, a sua origem, muitas delas não encontradas nesta vida, mas no passado reencarnatório, dificultando muito a sua descoberta para quem não for um médico ou um psicoterapeuta reencarnacionista.

                        Pois bem, depois de encontrar os analgésicos para o alivio da dor física, a medicina terrena moderna chegou à conclusão de que o sistema que dispara a dor física tem seu fulcro central na alma, no processo emocional que funciona no interior de cada um, evidenciando-se para a medicina dos homens que a dor física tem sua origem no desajuste da alma, é uma enfermidade espiritual que Jesus, o Médico por Excelência, veio tratar através de um medicamento chamado AMOR, que é o grande antídoto contra a dor do espírito, o medicamento que deve ser “ingerido” para neutralizar o seu surgimento, sem custo financeiro, já que não é encontrado nas farmácias, mas sim no interior da alma humana.

                        Fugir da dor, portanto, libertar-se do sofrimento são anseios buscados pelo espírito reencarnado, ou na erraticidade ligados à Terra, e ainda estigmatizados pela necessidade de incorporar ao seu conviver com o próximo, consigo mesmo, e conseqüentemente com Deus, os verdadeiros valores da Vida e com o advento da Doutrina Espírita, sabemos que tais valores se acham em estado embrionário em nosso íntimo mais profundo, carecendo de serem encontrados e trabalhados, porque temos, os espíritas, a melhor noção de que somos espíritos imortais, com um destino fatal – a perfeição logo, este é um determinismo Divino – somos perfectíveis.

                        Vejamos, inicialmente, que a dor, seja física ou espiritual, é sofrida por quem a provoca e que nunca bate em porta errada e assim, não há porque, em hipótese alguma, atribuir a terceiros a culpa de nossas dores, pois que eles resultam das atitudes, dos procedimentos, das ações praticadas contra a Vida, ou, como queiram, contra Deus portanto, estivesse a dor fora de mossa realidade, estaríamos reencarnados em outro mundo e por essa razão, importa termos a consciência de que não é com o próximo que o ofensor contrai uma dívida – compromete-se, porque, caso seja perdoado pelo ofendido, como ficaria a dívida contraída pelo ofensor?  Sem resgate, sem pagamento ?

                        Assim sendo, saindo o ofendido com o seu perdão do ciclo energético negativa criado pelo ofensor, este será trazido às instâncias da Lei, de onde estiver, para aprender, através do mecanismo da dor, a não reincidir no mesmo erro e desta forma, aqui na Terra, estamos aprendendo, em essência, a não errar mais e daí observar-se, que Deus a ninguém liberta gratuitamente de suas faltas, por mais possam apregoar certas doutrinas cristãs, as quais preceituam que a aceitação simplista de Jesus, como o Salvador, seja o suficiente para que o crente se livre da dor porém, transferir para outrem, para Jesus mesmo, as suas faltas a fim de que seja perdoado e liberto da dor, é um ledo engano que não encontra respaldo na lógica da Justiça Divina.

                        Entorpecer o corpo de prazeres, segundo correntes materialistas científicas ou filosóficas, a ninguém isenta da dor – existe, sim, a necessidade de assumir a responsabilidade de uma mudança comportamental, mudança que sempre pode libertar o indivíduo da dor, quando bem realizada segundo padrões éticos/morais/cristãos e ignora que aconselha a busca dos prazeres como forma de libertação da dor, pois eles não costumam atender a sede total de quem os busca de forma desordenada – muito pelo contrário, leva aos desvarios provocados pelas drogas alucinógenas, estupefacientes, quando usadas para se chegar a essa alegrias superlativas, diferentes, aquelas que projetam a criatura para fora de sua realidade. A consciência enferma que busca estes elementos nocivos para alegrar-se não pode ser conduzida à felicidade que não merece, nem à paz que não faz jús.

                        A dor espiritual, principalmente, tem uma tarefa na sua postura existencial de servidora do ser humano: provocar-lhe o despertar consciencial, mostrando-lhe a necessidade do reequilibrio emocional diante da Lei Natural, o que redunda em fortalecer o seu sistema imunológico e dessa forma, a linguagem da dor e o seu objetivo educativo repontam apenas em poucas pessoas, aquelas com certo amadurecimento espiritual, capacitadas a escutar e a entender o seu funcionamento na Vida, no seu contexto dual, isto é, material e espiritual.

                        Sócrates, Francisco de Assis, Martin Luther King Júnior, Joanna D’Arc, Gandhi, John Fitzgerald Kennedy, Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros sentiram o aguilhão da dor na carne, sem permitir que ela lhes atingisse a alma;

                        eles que sofreram a dor da humilhação, do cárcere injusto, de arbitrários julgamentos, mantendo, não obstante, a força do amor nos corações, oferecendo, assim, para os pósteros, o testemunho de suas condições internas de leais servidores do Bem e da Humanidade tal qual moeda de resgate e alta concessão divina, a dor ajuda a fixar o bem em que a sofre e “Com a sua ausência ignoraríamos a paz, desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a saúde” diz-nos Joanna de Ângelis.

                        Nosso dever, portanto, é a fixação da prática do bem em nossas telas mentais, em nosso inconsciente, ou psiquismo de profundidade, a fim de que este responda sempre aos nossos apelos nobres, às nossas justas iniciativas, preparado que se acha para responder de conformidade com o que nele introjetamos, já que nosso inconsciente é terra fértil, nem boa nem má, que apenas armazena o que lhe enviamos pela zona consciente, devolvendo, como recebeu, as nossas emoções e os nossos sentimentos, as nossas alegrias e as nossas mágoas, as nossas venturas e as nossas aflições --- acalmar-se, tranqüilizar o emocional, eis a palavra de ordem do consciente ao inconsciente, embora a tormenta externa nos atinja e nos faça sofrer e requisitado, o inconsciente responderá de conformidade com o que lhe enviou o consciente, repitamos.

                        Para Jesus a dor sofrida é felicidade: Ele que soube encarar o sofrimento como um amigo de todas as horas, em todos os instantes de seu sofrimento elegeu a dor para exaltar o amor e a bondade como rota de luz, visando à pacificação geral e assim mesmo prosseguiu imperturbável e nós, devemos seguir o seu exemplo mesmo que estejamos amesquinhados por dores e preocupações, dilacerados por aflições ultrizes, levantemo-nos estóicos e cristãos, com a cabeça aureolada de esperanças, tomemos as asas do amor para com elas louvarmos a Jesus, o Senhor do Bem e da Paz, e sigamos rumos às regiões de Libertação onde nos aguardam todos quantos se amam, após haverem perlustrado os caminhos tortuosos dos enganos.

                        Não nos esqueçamos, que temos às nossas meditações, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo V, item 10, que as provações da vida fazem adiantar quem as sofre, quando bem suportadas elas apagam as faltas e purificam o espírito faltoso e quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio”, salientam os Espíritos Superiores e continuam: “Dele, depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá que recomeçar”. E, no mesmo livro, capitulo XIV, item 9: “As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus.”

                        Ai está, queridos Irmãos, a definição do caminho à ser seguido na busca de nosso crescimento íntimo, na busca da reformulação de nossa Vida com equilíbrio da ciência, da filosofia e da religião e para isso, encontramos na obra de Rodin em Paris, as condições para refletir sobre o tríplice aspecto do Espiritismo e esta observação acontece quando se deita os olhos sobre fotos da obra “As Três Sombras”, na qual o artista traduz três homens apontando seus braços esquerdos para o mesmo lugar e observando melhor, percebe-se o porque do nome da obra;  são três estátuas exatamente iguais em posições diferentes, apontando para uma mesma direção, evidenciando um mesmo objetivo e não sei por que, mas pensei no dilema que vivem alguns espíritas sofrendo para classificar a doutrina como sendo uma ciência, uma filosofia ou uma religião, como se esta questão fosse uma espécie de “enigma” ou “mistério”, justamente no Espiritismo, que nos permite a possibilidade do total despojamento desta natureza de coisas, já que em última análise, elas acabam por transformar em dogmas a serem impostos.

                        Vi aqueles três homens, diferentes em suas posições, mas iguais em seus objetivos, como a representação dos três grandes meios de busca da humanidade: busca do conforto intelectual, mas também espiritual, busca da harmonia e da felicidade, ou seja, busca da verdade, da verdade como conceito fundamental, busca da verdade como resposta às suas questões mais perturbadoras e ao mesmo tempo, e por isso mesmo, mais fundamentais para a sua homeostase psíquica, pois a verdade, por definição, deve ser única e imutável; única, posto que se é verdade não pode ter outra versão ou uma outra possibilidade dentro daquela condição específica à qual existe e determina, e também imutável, posto que se é verdade, é constante dentro da realidade em que é aferida.

                        Esta verdade, a que me refiro, caros Irmãos, é o conhecimento humano, determinando a compreensão de si mesmo e do universo que o cerca, afastando o medo gerado pelo desconhecido e, conseqüentemente, determinando a serenidade, o equilíbrio, o bem-estar e esta procura pela verdade, é algo que sempre existiu na história da humanidade, pelo menos desde que o homem agregou condições suficientes para indagar sua origem e seu destino.

                        Vejamos a ciência, a filosofia e a religião como caminhos, como alternativas ou modos de buscar esta verdade reveladora e acalentadora, pois a ciência busca o alívio das dores humanas, o mesmo se dá com a religião e como a filosofia; entretanto, várias são as diferenças entre estes caminhos --- iniciemos com uma análise da religião, que de certa forma pode ser considerada a mais antiga e a mais difundida maneira de busca, pois ao que deseja trilhar este caminho, basta que haja disposição para tal, pois não exige nenhum conhecimento prévio ou preparo intelectual, não solicita estrutura ou complexidade, apenas a reflexão íntima, partindo do princípio que determinado argumento encontra eco em seu coração e provoca bem-estar, cabendo observar, que não estamos usando o termo “religião” como instituição, mas como ato ou intenção de religar-se, de retornar à origem, de chegar à causa de maneira praticamente imediata, usando como veículo a emoção, o sentimento, sem nenhuma necessidade de comprovação ou coerência, pois economiza etapas, levando aquele que crê diretamente à verdade que é reconhecida por seus anseios e nada mais..

                        É muito reconfortante, pois sacia nossa necessidade de saber, de tentar entender, sem que fiquem as angústias do desconhecido;   entretanto, é um caminho bastante impreciso já que para usufruir de sua velocidade instantânea, desfaz-se de qualquer outro fator regulador ou controlador que não seja seu próprio veículo, qual seja, a emoção e dessa forma, há que se admitir, que de uma maneira ou de outra, é possível que se possam atingir condições totalmente equivocadas por este caminho, mas que tragam, mesmo assim, a sensação necessária para o bem-estar e a serenidade pretendidas e almejadas enfim, de qualquer modo, o objetivo final é aquela verdade que nos fará felizes.

                        Já a ciência pode ser considerada mais recente porém, nem por isso é nova e busca a tal verdade de maneira incessante e sem nenhuma pressa;   entretanto, pensa obsessivamente na precisão, preocupa-se com o erro, resistindo por isso às conclusões finais óbvias e fáceis, tendo como veículo a experimentação, não se contentando com os primeiros resultados, esperando sempre a confirmação que vem de mais experimentações, trilhando o caminho de forma vagarosa, mas confiante, muitas vezes podendo beirar a pretensão enfim, a ciência busca a verdade, todavia, não especula ou não acredita no que vai muito além do que possa ser medido ou observado naquele momento – é muito precisa e segura, mas não traz conforto imediato mas, de uma maneira geral, temos necessidade de ambas as formas de busca, pois podemos ir reformulando nossos conceitos religiosos pelo evolução da ciência, corrigindo os rumos imediatistas da religião e ao mesmo tempo usando esta última como bússola na determinação da direção a ser pesquisada e experimentada.

                        No meio destas duas vias encontramos uma terceira, que nos parece fazer uma ponte entre as duas primeiras, a filosofia, que municia a ciência de hipóteses a serem experimentadas e sacia a religião, dando sentido aos seus conceitos emocionais pois, a filosofia usa como veículo a razão, portanto, experimenta pela observação as hipóteses que constrói, geradas por suas idéias e motivações, tendo no laboratório da mente e de suas argumentações as ferramentas que constroem a verdade.

                        É um caminho intermediário que não tem a morosidade da ciência que necessita de tempo para a consolidação das suas idéias, mas não é tão rápido quanto a religião, já que elabora seus conceitos em bases reais e racionais e não para mente emocionais mas, nem por isso, deixa de buscar a verdade e tem vários pontos de intersecção com os demais.

                        Voltando ao trabalho de Rodin, eu diria que a figura do centro é a filosofia, a da direita é a ciência e da esquerda a religião, todos os três indicando o mesmo objetivo que é a compreensão da verdade e ai, cabe entender, se três caminhos diversos convergem para um mesmo ponto, quanto mais próximos do ponto, mais próximos serão os caminhos, sendo bastante possível que em determinado momento possam confundir-se formando um caminho único e, é assim que vejo o Espiritismo, um ponto à frente da ciência, da filosofia e da religião, sendo portanto único, e ao tempo, os três --- sendo inútil classificá-lo segundo os nossos conceitos antigos, pois para entendê-lo é necessário transgredi-los, desenvolvê-los, mesclando as possibilidades de cada um, suprindo as deficiências de um com as vantagens do outro, e se importando menos com a designação e mais com o conteúdo que, como podemos concluir, é revolucionário e, portanto, inicialmente desconfortável para muitas pessoas.

                        Abaixo do homem intelectualizado, transcendendo sua condição física, estão suas mazelas e dificuldades, inúmeras, porém superadas pelo pensador, que se afasta do inferno que é a ignorância, é a distância da verdade, através do esforço nas três frentes de busca, mas que será finalmente redimida pela luz do saber, do conhecer, do compreender e ai está o privilégio ainda não bem entendido por alguns espíritas;  privilégio, aliás, explicitado por Kardec quando afirma que o Espiritismo é a um só tempo ciência, filosofia e religião; o privilégio de não precisarmos mais cindir em sua busca, de poder crer, ter fé, sem abdicar da razão e buscando na experimentação não só a confirmação, mas o entendimento, o detalhamento de tudo o que mais queríamos saber:  De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? E assim, na conformidade como que acabamos de  ouvir --- os caminhos são o estudo das obras básicas do Espiritismo e os que não estiverem muito dispostos a ler, que ao menos, compareçam às palestras, busquem aprender as lições e colocá-las em prática e que Jesus nos ajude a crescer espiritualmente.  

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