sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PEREGRINO DO SENHOR


Se dispões de saúde e desfrutas de bem-estar, multiplica os dons da bondade e serve, esparze alegria, sem o desperdício do tempo em frivolidades e comprometimentos perturbadores.
Se te encontras enjaulado em qualquer forma de sofrimento, bendize o cárcere que te impede piorar a situação evolutiva e evita que novamente derrapes nos desaires e alu-cinações.
O corpo é uma dádiva superior que Deus concede a todos os infratores, a fim de que logrem a superação da argamassa celular para cantar as glórias imarcescíveis do Amor completamente livre.
 Peregrino do Senhor
Convidado a amar, saíste em peregrinação pelos diversos países das alma humanas, cantando as melodias da imortalidade e do Bem.
Desequipado de recursos especiais, utilizaste do sentimento nobre e, com sinceridade entoaste as canções da amizade e da gentileza que se encontravam adormecidas nos arcanos do ser que és.
Sem ideia profunda de todo o significado da tarefa a que te impuseste, passaste a sorrir pelos caminhos humanos, espalhando a esperança e a alegria como sinal de identificação da mensagem que conduzias no recesso íntimo.
Desconhecendo as tortuosidades dos caminhos, enveredaste por desvios e paisagens impérvias, sofrendo a agressividade do roteiro, porém, murmurando a dúlcida musicalidade que te embalava as emoções.
Esperando que as pessoas estivessem dispostas a escutar-te as sonatas de ternura, foste açoitado pela perversidade dos maus, maltratado pela inveja dos enfermos morais, perseguido pelos malfeitores de todo jaez, e continuaste a modular a doce canção.
Ao perceber que no mundo havia mais sombra do que luz moral nos redutos humanos, acendeste o lume da bondade e procuraste deixar claridade por onde passaste, enquanto cantavas as bem-aventuranças do Senhor.

Sucederam-se os tempos e prosseguiste como peregrino sem descanso e trovador sem afonia a demonstrar a beleza e a elegia que existem no dom sublime de amar.
Tomado de emoções sempre renovadas e de esperanças repetidas, volveste aos sítios que antes não te aceitaram e propuseste a tua musicalidade, que embora não aplaudida alcançou alguns outros sentimentos em angústia, que anelavam pela claridade do conhecimento e pela manifestação do júbilo.
Muitos que te ouviram, lançaram-te objurgaçóes deprimentes, utilizaram-se de epítetos depreciativos em torno da tua peregrinação, acusaram-te de charlatão e mistificador, porém, consciente da sinfonia do Eterno Bem, não desanimaste e deste continuidade à tua apresentação nos mais diferentes lugares que te atraíram no oceano da humanidade, ou que te convidaram para que apresentasses a tua melodia...
...E falaste Dele, o Senhor dos Céus e da Terra, das galáxias e das micropartículas, dos dias festivos e das noites de tormentas, das horas calmas e doces, assim como dos momentos de aflição e ansiedade, das esperanças e das consolações, e informaste que Ele mandou o Seu Filho, a fim de que o mundo de sofrimentos transformasse-se em uma orquestra portadora de peças de harmoniosa vibração, para todos sensibilizar.
...E Jesus cantou o Evangelho libertador, utilizou-se de um grão de mostarda e das moradas da Casa do Pai, da figueira sem frutos e das redes de pescar, do filho pródigo e do bom samaritano, das dracmas e das ovelhas, do servo infiel e do trabalhador da última hora, das virgens loucas e das virgens prudentes, da vigilância e da oração, do que é de César e do que é de Deus, de peixes e de pães, e compôs a mais bela e exuberante sinfonia que o mundo passou a conhecer, sem que haja silenciado as últimas notas que pairam nas vibrações da partitura terrestre.
Porém, não se deteve nesses notáveis momentos, o Cantor a Quem te referes.
Ele penetrou o âmago do sofrimento humano com as notas musicais da compaixão e da misericórdia, colocou luz nos olhos apagados, proporcionou sons aos ouvidos moucos, ensejou voz às gargantas mortas, movimentos aos membros paralisados, lucidez às mentes perturbadas, esperança aos sentimentos desiludidos, alegrias às vidas estioladas...

Sobretudo, a Sua presença acalmava as multidões e tranquilizava os atormentados dos caminhos e das sombras da morte, que retornavam em alucinações e desatinos contra os outros transeuntes das estradas humanas.
A tua cantoria informava que Ele é a Luz do mundo sombrio, a porta de acesso à harmonia, o caminho seguro para a felicidade, o Pastor Misericordioso e compassivo, o Amigo de todos aqueles que não têm companhia, o Pão de vida e de sustentação da vida, o Sol que brilha na noite das paixões...
Também apresentaste a patética da traição de que Ele foi vítima, a negação do Seu melhor amigo, o abandono de todos que lhe eram comensais do amor, daqueles que se beneficiaram com as suas mercês, da terrível solidão que Lhe proporcionou suor de sangue, da indiferença de todos que foram atendidos pela sua bondade incomum...
E nessa narrativa, apresentaste a tragédia da cruz, o que aconteceu antes em forma de escárnio dos réprobos, açoites dos covardes, cusparadas dos psicopatas em desespero, e, como se fosse um grande final, a cruz de vergonha e de solidão com Deus.
...Mas também, entoaste o hino de inefável alegria ao referir-te à Ressurreição gloriosa em um amanhecer de bênçãos, para confirmar toda a grandeza da Sua existência de Rei que não necessitava do trono frágil e inseguro da Terra, porque o tem ao lado do Altíssimo...
...E desde aquele momento em que Ele ressurgiu o mundo nunca mais pôde ser o mesmo, porque a morte foi diluída ante a perene madrugada da imortalidade a que Ele se referiu e demonstrou ao retornar para conviver com os amigos ainda aturdidos e sofridos, arrependidos e saudosos, porque O amavam, sim, a seu modo, dentro das suas possibilidades infantis e ternas...
Prossegue a cantar, peregrino do Senhor, mesmo quando todas as vozes silenciarem, se assim acontecer, porque Ele te enviou para que te inebries de contentamento na servidão em que te encontras, para auxiliar os teus irmãos da retaguarda, que ainda não despertaram para a compreensão da Verdade e não dispõem de audição para a musicalidade espiritual do Evangelho.
Nunca deixes de cantar o bem e vive-o como se fosses uma flauta que alguém sopra, e o ar se transforma em doce melodia que embala a vida.

Jamais silencies a voz, mesmo que o cansaço dificulte a emissão do som, mantém a musicalidade no pentagrama da memória jovial e renovada pelas emoções da sinfonia.
Renasceste para peregrinar com a canção de imortalidade, que permanecerá contigo, quando tudo mais houver passado.
Um dia que se pode transformar em uma noite, depois de adormecido, despertarás ouvindo os clarins do Reino de Deus, e serás recebido por Aquele que venceu a morte e o mundo por muito amar.
Assim sendo, canta Jesus e Sua doutrina, tu que a Ele te vinculas pela emoção, pela inteligência, pelo compromisso de peregrinar.
Joanna de Angelis do Livro Rejubila-te em DEUS

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