“A LIBERTAÇÃO SÓ VIRÁ COM A REFORMA
INTIMA”
Para iniciarmos o tema
se faz necessário uma análise sobre a visão da dor, sob o ponto de vista de
que, quanto mais grave o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio, pois o
ser humano, espírito reencarnado na Terra, enfrente terrível inimigo conhecido
como dor, mas por necessidade evolutiva, já que para os Espíritos Superiores a
dor é mecanismo de progresso espiritual, constituindo-se, pois, numa instrutora
em nossa vida.
A dor pode
apresentar-se em três aspectos: física, espiritual e moral e recebem
denominações várias: angústias, amarguras, aflições, tristezas, solidão,
despeito, mágoa, ciúme, inveja, ingratidão, insegurança, irritação, indiferença,
egoísmo, orgulho e todo um rosário de outras manifestações do espírito que se
expressam na sua estruturação interna, com repercussões externas, incomodando-o
profundamente e por isso, muito simples entender o que pretendemos mostrar. Não
existisse a dor, o que aconteceria com a mão esquecida sobre uma chapa
incandescente?
Como ficariam nossos
pés se caminhássemos sobre espinhos ? Se
fossemos insensíveis ao choque elétrico, que conseqüências adviriam?
Para a medicina da terra a
dor física é um sintoma de alarme, apresentando pelo organismo, dizendo que
algo não vai bem com o seu funcionamento e vista dessa forma, a dor física
deixa de ser uma inimiga e passa a ser uma grande aliada do nosso organismo ou
do nosso corpo, pois este autêntico alarme revela que devemos parar e nos
cuidar, de forma a atenuar ou aliviar por completo a sua presença desagradável
e a forma mais eficaz para evitar a recidiva de qualquer sofrimento é descobrir
a sua causa, pois quando descoberta, a criatura inicia toda uma vigilância a
fim de não o provocar, agindo de forma a neutralizar a sua fonte geradora.
O mesmo procedimento
devemos adotar com as nossas dores da alma, isto é, a dor moral, aquela que
atinge diretamente o espírito, acima referidas, que se mostram, na maioria, de
difícil erradicação, tendo em vista que também existe a necessidade de
descobrir-se a causa, a sua origem, muitas delas não encontradas nesta vida,
mas no passado reencarnatório, dificultando muito a sua descoberta para quem
não for um médico ou um psicoterapeuta reencarnacionista.
Pois bem, depois de
encontrar os analgésicos para o alivio da dor física, a medicina terrena
moderna chegou à conclusão de que o sistema que dispara a dor física tem seu
fulcro central na alma, no processo emocional que funciona no interior de cada
um, evidenciando-se para a medicina dos homens que a dor física tem sua origem
no desajuste da alma, é uma enfermidade espiritual que Jesus, o Médico por
Excelência, veio tratar através de um medicamento chamado AMOR, que é o grande
antídoto contra a dor do espírito, o medicamento que deve ser “ingerido” para
neutralizar o seu surgimento, sem custo financeiro, já que não é encontrado nas
farmácias, mas sim no interior da alma humana.
Fugir da dor, portanto,
libertar-se do sofrimento são anseios buscados pelo espírito reencarnado, ou na
erraticidade ligados à Terra, e ainda estigmatizados pela necessidade de incorporar
ao seu conviver com o próximo, consigo mesmo, e conseqüentemente com Deus, os
verdadeiros valores da Vida e com o advento da Doutrina Espírita, sabemos que
tais valores se acham em estado embrionário em nosso íntimo mais profundo,
carecendo de serem encontrados e trabalhados, porque temos, os espíritas, a
melhor noção de que somos espíritos imortais, com um destino fatal – a
perfeição logo, este é um determinismo Divino – somos perfectíveis.
Vejamos, inicialmente,
que a dor, seja física ou espiritual, é sofrida por quem a provoca e que nunca
bate em porta errada e assim, não há porque, em hipótese alguma, atribuir a
terceiros a culpa de nossas dores, pois que eles resultam das atitudes, dos
procedimentos, das ações praticadas contra a Vida, ou, como queiram, contra
Deus portanto, estivesse a dor fora de mossa realidade, estaríamos reencarnados
em outro mundo e por essa razão, importa termos a consciência de que não é com
o próximo que o ofensor contrai uma dívida – compromete-se, porque, caso seja
perdoado pelo ofendido, como ficaria a dívida contraída pelo ofensor? Sem resgate, sem pagamento ?
Assim sendo, saindo o
ofendido com o seu perdão do ciclo energético negativa criado pelo ofensor,
este será trazido às instâncias da Lei, de onde estiver, para aprender, através
do mecanismo da dor, a não reincidir no mesmo erro e desta forma, aqui na
Terra, estamos aprendendo, em essência, a não errar mais e daí observar-se, que
Deus a ninguém liberta gratuitamente de suas faltas, por mais possam apregoar
certas doutrinas cristãs, as quais preceituam que a aceitação simplista de
Jesus, como o Salvador, seja o suficiente para que o crente se livre da dor
porém, transferir para outrem, para Jesus mesmo, as suas faltas a fim de que
seja perdoado e liberto da dor, é um ledo engano que não encontra respaldo na
lógica da Justiça Divina.
Entorpecer o corpo de
prazeres, segundo correntes materialistas científicas ou filosóficas, a ninguém
isenta da dor – existe, sim, a necessidade de assumir a responsabilidade de uma
mudança comportamental, mudança que sempre pode libertar o indivíduo da dor,
quando bem realizada segundo padrões éticos/morais/cristãos e ignora que
aconselha a busca dos prazeres como forma de libertação da dor, pois eles não
costumam atender a sede total de quem os busca de forma desordenada – muito
pelo contrário, leva aos desvarios provocados pelas drogas alucinógenas,
estupefacientes, quando usadas para se chegar a essa alegrias superlativas,
diferentes, aquelas que projetam a criatura para fora de sua realidade. A
consciência enferma que busca estes elementos nocivos para alegrar-se não pode
ser conduzida à felicidade que não merece, nem à paz que não faz jús.
A dor espiritual,
principalmente, tem uma tarefa na sua postura existencial de servidora do ser
humano: provocar-lhe o despertar consciencial, mostrando-lhe a necessidade do
reequilibrio emocional diante da Lei Natural, o que redunda em fortalecer o seu
sistema imunológico e dessa forma, a linguagem da dor e o seu objetivo
educativo repontam apenas em poucas pessoas, aquelas com certo amadurecimento
espiritual, capacitadas a escutar e a entender o seu funcionamento na Vida, no
seu contexto dual, isto é, material e espiritual.
Sócrates, Francisco de
Assis, Martin Luther King Júnior, Joanna D’Arc, Gandhi, John Fitzgerald
Kennedy, Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros sentiram o aguilhão da dor
na carne, sem permitir que ela lhes atingisse a alma;
eles que sofreram a dor
da humilhação, do cárcere injusto, de arbitrários julgamentos, mantendo, não
obstante, a força do amor nos corações, oferecendo, assim, para os pósteros, o
testemunho de suas condições internas de leais servidores do Bem e da
Humanidade tal qual moeda de resgate e alta concessão divina, a dor ajuda a
fixar o bem em que a sofre e “Com a sua ausência ignoraríamos a paz,
desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a saúde” diz-nos Joanna de Ângelis.
Nosso dever, portanto,
é a fixação da prática do bem em nossas telas mentais, em nosso inconsciente,
ou psiquismo de profundidade, a fim de que este responda sempre aos nossos
apelos nobres, às nossas justas iniciativas, preparado que se acha para
responder de conformidade com o que nele introjetamos, já que nosso
inconsciente é terra fértil, nem boa nem má, que apenas armazena o que lhe
enviamos pela zona consciente, devolvendo, como recebeu, as nossas emoções e os
nossos sentimentos, as nossas alegrias e as nossas mágoas, as nossas venturas e
as nossas aflições --- acalmar-se, tranqüilizar o emocional, eis a palavra de
ordem do consciente ao inconsciente, embora a tormenta externa nos atinja e nos
faça sofrer e requisitado, o inconsciente responderá de conformidade com o que
lhe enviou o consciente, repitamos.
Para Jesus a dor
sofrida é felicidade: Ele que soube encarar o sofrimento como um amigo de todas
as horas, em todos os instantes de seu sofrimento elegeu a dor para exaltar o
amor e a bondade como rota de luz, visando à pacificação geral e assim mesmo
prosseguiu imperturbável e nós, devemos seguir o seu exemplo mesmo que
estejamos amesquinhados por dores e preocupações, dilacerados por aflições
ultrizes, levantemo-nos estóicos e cristãos, com a cabeça aureolada de
esperanças, tomemos as asas do amor para com elas louvarmos a Jesus, o Senhor
do Bem e da Paz, e sigamos rumos às regiões de Libertação onde nos aguardam
todos quantos se amam, após haverem perlustrado os caminhos tortuosos dos
enganos.
Não nos esqueçamos, que
temos às nossas meditações, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo V,
item 10, que as provações da vida fazem adiantar quem as sofre, quando bem
suportadas elas apagam as faltas e purificam o espírito faltoso e quanto mais
grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio”, salientam os Espíritos
Superiores e continuam: “Dele, depende, pela resignação, tornar proveitoso o
seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que,
do contrário, terá que recomeçar”. E, no mesmo livro, capitulo XIV, item 9: “As
provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e
de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus.”
Ai está, queridos
Irmãos, a definição do caminho à ser seguido na busca de nosso crescimento
íntimo, na busca da reformulação de nossa Vida com equilíbrio da ciência, da
filosofia e da religião e para isso, encontramos na obra de Rodin em Paris, as
condições para refletir sobre o tríplice aspecto do Espiritismo e esta
observação acontece quando se deita os olhos sobre fotos da obra “As Três
Sombras”, na qual o artista traduz três homens apontando seus braços esquerdos
para o mesmo lugar e observando melhor, percebe-se o porque do nome da
obra; são três estátuas exatamente
iguais em posições diferentes, apontando para uma mesma direção, evidenciando
um mesmo objetivo e não sei por que, mas pensei no dilema que vivem alguns
espíritas sofrendo para classificar a doutrina como sendo uma ciência, uma
filosofia ou uma religião, como se esta questão fosse uma espécie de “enigma”
ou “mistério”, justamente no Espiritismo, que nos permite a possibilidade do
total despojamento desta natureza de coisas, já que em última análise, elas
acabam por transformar em dogmas a serem impostos.
Vi aqueles três homens,
diferentes em suas posições, mas iguais em seus objetivos, como a representação
dos três grandes meios de busca da humanidade: busca do conforto intelectual,
mas também espiritual, busca da harmonia e da felicidade, ou seja, busca da
verdade, da verdade como conceito fundamental, busca da verdade como resposta
às suas questões mais perturbadoras e ao mesmo tempo, e por isso mesmo, mais
fundamentais para a sua homeostase psíquica, pois a verdade, por definição,
deve ser única e imutável; única, posto que se é verdade não pode ter outra
versão ou uma outra possibilidade dentro daquela condição específica à qual
existe e determina, e também imutável, posto que se é verdade, é constante
dentro da realidade em que é aferida.
Esta verdade, a que me
refiro, caros Irmãos, é o conhecimento humano, determinando a compreensão de si
mesmo e do universo que o cerca, afastando o medo gerado pelo desconhecido e,
conseqüentemente, determinando a serenidade, o equilíbrio, o bem-estar e esta
procura pela verdade, é algo que sempre existiu na história da humanidade, pelo
menos desde que o homem agregou condições suficientes para indagar sua origem e
seu destino.
Vejamos a ciência, a
filosofia e a religião como caminhos, como alternativas ou modos de buscar esta
verdade reveladora e acalentadora, pois a ciência busca o alívio das dores
humanas, o mesmo se dá com a religião e como a filosofia; entretanto, várias
são as diferenças entre estes caminhos --- iniciemos com uma análise da
religião, que de certa forma pode ser considerada a mais antiga e a mais difundida
maneira de busca, pois ao que deseja trilhar este caminho, basta que haja
disposição para tal, pois não exige nenhum conhecimento prévio ou preparo
intelectual, não solicita estrutura ou complexidade, apenas a reflexão íntima,
partindo do princípio que determinado argumento encontra eco em seu coração e
provoca bem-estar, cabendo observar, que não estamos usando o termo “religião”
como instituição, mas como ato ou intenção de religar-se, de retornar à origem,
de chegar à causa de maneira praticamente imediata, usando como veículo a
emoção, o sentimento, sem nenhuma necessidade de comprovação ou coerência, pois
economiza etapas, levando aquele que crê diretamente à verdade que é
reconhecida por seus anseios e nada mais..
É muito reconfortante,
pois sacia nossa necessidade de saber, de tentar entender, sem que fiquem as
angústias do desconhecido; entretanto,
é um caminho bastante impreciso já que para usufruir de sua velocidade instantânea,
desfaz-se de qualquer outro fator regulador ou controlador que não seja seu
próprio veículo, qual seja, a emoção e dessa forma, há que se admitir, que de
uma maneira ou de outra, é possível que se possam atingir condições totalmente
equivocadas por este caminho, mas que tragam, mesmo assim, a sensação
necessária para o bem-estar e a serenidade pretendidas e almejadas enfim, de
qualquer modo, o objetivo final é aquela verdade que nos fará felizes.
Já a ciência pode ser
considerada mais recente porém, nem por isso é nova e busca a tal verdade de
maneira incessante e sem nenhuma pressa;
entretanto, pensa obsessivamente na precisão, preocupa-se com o erro,
resistindo por isso às conclusões finais óbvias e fáceis, tendo como veículo a
experimentação, não se contentando com os primeiros resultados, esperando
sempre a confirmação que vem de mais experimentações, trilhando o caminho de
forma vagarosa, mas confiante, muitas vezes podendo beirar a pretensão enfim, a
ciência busca a verdade, todavia, não especula ou não acredita no que vai muito
além do que possa ser medido ou observado naquele momento – é muito precisa e
segura, mas não traz conforto imediato mas, de uma maneira geral, temos
necessidade de ambas as formas de busca, pois podemos ir reformulando nossos
conceitos religiosos pelo evolução da ciência, corrigindo os rumos imediatistas
da religião e ao mesmo tempo usando esta última como bússola na determinação da
direção a ser pesquisada e experimentada.
No meio destas duas
vias encontramos uma terceira, que nos parece fazer uma ponte entre as duas
primeiras, a filosofia, que municia a ciência de hipóteses a serem
experimentadas e sacia a religião, dando sentido aos seus conceitos emocionais
pois, a filosofia usa como veículo a razão, portanto, experimenta pela
observação as hipóteses que constrói, geradas por suas idéias e motivações,
tendo no laboratório da mente e de suas argumentações as ferramentas que
constroem a verdade.
É um caminho
intermediário que não tem a morosidade da ciência que necessita de tempo para a
consolidação das suas idéias, mas não é tão rápido quanto a religião, já que
elabora seus conceitos em bases reais e racionais e não para mente emocionais
mas, nem por isso, deixa de buscar a verdade e tem vários pontos de intersecção
com os demais.
Voltando ao trabalho de
Rodin, eu diria que a figura do centro é a filosofia, a da direita é a ciência
e da esquerda a religião, todos os três indicando o mesmo objetivo que é a
compreensão da verdade e ai, cabe entender, se três caminhos diversos convergem
para um mesmo ponto, quanto mais próximos do ponto, mais próximos serão os
caminhos, sendo bastante possível que em determinado momento possam
confundir-se formando um caminho único e, é assim que vejo o Espiritismo, um
ponto à frente da ciência, da filosofia e da religião, sendo portanto único, e
ao tempo, os três --- sendo inútil classificá-lo segundo os nossos conceitos
antigos, pois para entendê-lo é necessário transgredi-los, desenvolvê-los,
mesclando as possibilidades de cada um, suprindo as deficiências de um com as
vantagens do outro, e se importando menos com a designação e mais com o
conteúdo que, como podemos concluir, é revolucionário e, portanto, inicialmente
desconfortável para muitas pessoas.
Abaixo do homem
intelectualizado, transcendendo sua condição física, estão suas mazelas e
dificuldades, inúmeras, porém superadas pelo pensador, que se afasta do inferno
que é a ignorância, é a distância da verdade, através do esforço nas três
frentes de busca, mas que será finalmente redimida pela luz do saber, do
conhecer, do compreender e ai está o privilégio ainda não bem entendido por
alguns espíritas; privilégio, aliás,
explicitado por Kardec quando afirma que o Espiritismo é a um só tempo ciência,
filosofia e religião; o privilégio de não precisarmos mais cindir em sua busca,
de poder crer, ter fé, sem abdicar da razão e buscando na experimentação não só
a confirmação, mas o entendimento, o detalhamento de tudo o que mais queríamos
saber: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? E assim, na conformidade
como que acabamos de ouvir --- os
caminhos são o estudo das obras básicas do Espiritismo e os que não estiverem
muito dispostos a ler, que ao menos, compareçam às palestras, busquem aprender
as lições e colocá-las em prática e que Jesus nos ajude a crescer
espiritualmente.
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