LIVROS

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

PONTE DE LUZ - Joanna de Ângelis


Aquinhoado pela faculdade mediúnica, rejubila-te e aplica-a a serviço da finalidade a que se destina. 

Rogaste a Deus a oportunidade de reabilitar-te de incontáveis desaires que te permitiste em jornadas pretéritas ao lado de crimes, alguns hediondos. 

Por considerares a gravidade do comportamento, percebeste que a recuperação moral poderia dar-se pela colheita de sofrimentos defluentes dos gravames cometidos, como normalmente acontece. 

Podias, no entanto, eleger os fenômenos tormentosos das enfermidades dilaceradoras, dos padecimentos morais que produzem consumpção interna, dos delicados mecanismos da solidão e das perseguições implacáveis das tuas vítimas, em rudes obsessões, afastando-te da trilha do equilíbrio e dos deveres a que te vinculas. 

Também descobriste que o amor anula o ódio, a multidão de pecados, e as bênçãos da caridade diluem as construções do mal, pelo proporcionar da paz onde quer que se apresente. 

Sob a inspiração do teu anjo tutelar, elegeste a mediunidade, a fim de manteres intercâmbio seguro com a Esfera imortal, de modo que não olvidasses a tua procedência. Concomitantemente, compreendeste que poderias reparar o mal através do bem, recuperando-te dos graves deslizes. 

Antes do renascimento, passaste pelas regiões de sombra e de dor, onde foste resgatado e conduzido para educandários de regeneração, a fim de treinares bondade e reorganizares as paisagens mentais e morais. 

Conquistaste, desse modo, a misericórdia da faculdade mediúnica, a princípio atormentada pelos conflitos que te ressumavam, como é natural, de modo a trabalharem os valores éticos que te facultassem a sintonia com a Erraticidade superior, de onde procedem as inspiração e a diretriz do trabalho. 

Naturalmente, como efeito dos danos que a ti próprio causaste, foste programado com alguns problemas que te demonstrariam a própria fragilidade, a expressar-se em dores de vário porte. 

Mediante a conjuntura aflitiva, sentiste necessidade de buscar a harmonia, e a mediunidade distendeu-te os valiosos recursos para a ação do inefável bem. 

No universo nada permanece fora das leis de equilíbrio, especialmente os acontecimentos morais que são de primacial importância no desenvolvimento do ser espiritual. 

Esforça-te por aprimorar a aptidão orgânica ao teu alcance, por intermédio da tua auto moralização, a fim de te equipares com os valiosos recursos do amor, para a enfermagem da iluminação dos Espíritos infelizes. Não somente daqueles aos quais prejudicaste, mas também aos outros irmãos desafortunados, que pululam em volta da Terra. 
Cada contribuição iluminativa que lhes ofertes, acenderá uma estrela na noite imemorial do teu processo evolutivo. 

Desse modo, serve sem enfado, alegre e jovial, pela honra da auto edificação. 

* * * 

Os sofrimentos que te excruciam, lapidam as imperfeições espirituais que carregas nos refolhos do ser. 

Não reclames. Eles são necessários para a tua quitação de débitos perante as leis cósmicas. 

Evita pensar que jamais se acabarão. 

Contempla o algoz deste momento, quando defrontado por ele em atitude que te dilacera a alma, irradiando a compaixão em seu favor. 

Aprende, ante a sua indignação, a paciência e a misericórdia. 

Esses impulsos agressivos são a catarse de dramas íntimos que ele não sabe identificar e os expele como lava de vulcão que explode para renovar a paisagem. 

Tu sabes que ele é vítima das circunstâncias que o aturdem com os seus conflitos camuflados e de alta gravidade. 

Usa, nesses momentos, a mediunidade, olha o agressor e, compadecido, envolve-o em preces. 

Não discutas, porque ele se encontra fora de si, sem raciocínio lúcido nem discernimento, não raro sob ação de perversos adversários que lhe conspiram contra a harmonia e a felicidade. 

Trata-se de alguém perdido no matagal e que necessita gritar por socorro sem sequer saber como fazê-lo. 

A mediunidade de que é portador diminui a carga dos agressores, porque ao se utilizarem das tuas energias, diminuem o impacto da alucinação. 

Continua na tua condição de ponte de luz. 

No diário, já elegeste recuperar vidas, e esse fenômeno de amor é também mediúnico, porque as tuas forças são utilizadas pelos benfeitores espirituais, a fim de auxiliarem essas aves implumes que agasalhas no ninho do coração. 

Todo fenômeno mediúnico é de natureza específica na área das afinidades. Portanto, de acordo com a sintonia com Jesus, tornas-te cireneu, auxiliando os irmãos do Calvário a conduzir a sua cruz libertadora. 

Mergulha, pois, nas Fontes inexauríveis do amor de Deus em teu mundo íntimo, dulcifica-te, ajuda e frui a felicidade da reabilitação. 

Prossegue sem desânimo, nem qualquer tipo de temor. 

A mediunidade é concessão divina destinada a propiciar o crescimento do Espírito, para que este exerça a beneficência, auto iluminando-se. 

Ao conduzi-la com harmonia íntima, estarás sempre médium e não apenas o serás nos momentos especiais dedicados ao seu exercício. 

Derruba quaisquer impedimentos ambientais, físicos, emocionais e psíquicos, e prossegue como ponte de luz a serviço do Amor. 

* * * 

A sociedade, que tantas glórias alcançou na área da Ciência e da Tecnologia ao conquistar o amor, prepara-se para ampliar os recursos das faculdades mediúnicas, a fim de que as cortinas densas, que se interpõem entre as esferas, física e espiritual, sejam diluídas, permitindo o trânsito com ampla facilidade para ambas. 

Não fujas às lutas redentoras, porque elas sempre estarão à tua frente à espera de atendimento. 

Toma como modelo Jesus, o Médium de Deus, e deixa que transitem pela tua ponte os filhos da agonia sob a proteção dos excelsos guias da humanidade. 

Joanna de Ângelis 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco

Os 10 Maiores PRESENTES que recebi na VIDA !

A nossa vida está em constante evolução, mas de uma coisa eu tenho certeza: meses, anos e décadas passam tão rápido como um piscar de olhos. Cheguei agora os meus 50 anos, mas parece que a minha adolescência foi ontem. Fui abençoado com várias e diversas experiências, muitas maravilhosas e outras desafiadoras e até devastadoras. Mas independentemente se foram positivas ou negativas, todas foram um grande presente para mim. Aqui estão 10 dos maiores presentes que eu posso compartilhar em todos esses anos de vida:
1. Boas maneiras
Sou eternamento grato aos meus pais por ensinarem-me boas maneiras: ser cortês, mostrar respeito e tratar as pessoas da mesma forma que gostaria de ser trato. No trabalho e nos negócios, comportar-se com certas regras de etiqueta diz muito sobre como você considera valores como dignidade e decência, enquanto, como pessoa privada, as maneiras são reflexo de um bom caráter e uma essência verdadeira dentro de si. 
2. Ter a energia de uma criança
Não é porque você e cresceu e se tornou um adulto que não vai lembrar de brincar e ser brincalhão. No decorrer de nossas vidas, tornamo-nos tão sobrecarregados com compromissos que parecem cada vez maiores, mas nunca podemos deixar a diversão de lado. Fazer isso é saudável e diminui nossos níveis de estresse. Então abrace a sua verdadeira natureza - brinque, ria, dê gargalhadas, dance, cante e não tenha vergonha de agir como tolo de vez em quando. Mantenha a jovialidade fazendo do mundo o seu parque de diversão.
3. Família
Aparentemente não escolhemos nossos pais e nossas família quando nascemos, mas você já considerou a possibilidade de que talvez tenhamos optado por eles muito mesmo antes de chegarmos a este mundo? Independentemente se isso é real ou não, nossos familiares estão sempre ao nosso lado - em bons e maus momentos - e as lições que aprendi com isso são inestimáveis. Aprendemos com a paciência, a tolerância, o comprometimento e o amor incondicional deles. Se tivermos sempre este olhar a respeito da nossa família, então eles são de fato um grande presente. Foi assim que eu me senti a respeito dos meus familiares.
4. Encontrar a minha família de alma
Embora isso possa parecer exagerado ou estranho para você, mas eu acredito também que nesta vida nós temos a nossa "família de alma", além da nossa família de nascimento. Eu tive muita sorte ao conhecer essas pessoas recentemente — foi um belo encontro de almas gêmeas, que aqueceu e curou tanto o meu coração quanto a minha alma.
 
5. Paz
Encontrar a verdadeira paz interior é uma das mais lindas experiências que você pode ter na sua vida. Para mim, a prática de meditação mudou tudo. Adquiri um senso de clareza e outra percepção das coisas que até então nunca tinha tido antes. Tente meditar, ou tente algum outro caminho para encontrar a sua paz interior.

6. Contratempos e desafios
Quando nos deparamos com obstáculos e dificuldades em nossas vidas, estamos sempre propensos a entrar em desespero e perguntar por que estamos passando por tais situações. Nesse caso, temos duas opções - a primeira a deixar toda essa dificuldade nos afetar, e a segunda é confiar no nosso esforço e ver isso como uma ótima oportunidade para crescer. Afinal, dizem que o que não te mata te fortalece. Pode parecer muito forte, mas é verdade. Cada desafio que você supera na sua vida é um grande valor a mais no testamento da sua alma.
7. Autoconfiança
Nossa autoestima e autoconfiança são cruciais para para termos uma vida vibrante, repleta de vitalidade. Não podemos cair na negatividade e pessimismo só por causa da idade. De fato, quanto mais envelhecemos, mais experiência adquirimos, e quanto mais informações e valores valiosos nós temos, mais nos sentimos jovem, porém com o bônus da maturidade. Pessoalmente falando, minha autoconfiança me ajudou a se aproximar das pessoas mais incríveis do mundo, e viver a minha vida ao máximo.
8. Perdas
Até mesmo a perda de pessoas que amamos pode ter um benefício em nossas vidas. Isso me fez acordar e descobrir o quanto a vida é breve, e assim podemos conduzi-la e vivê-la inteiramente. Também nos faz compreender que a vida pode mudar num piscar de olhos, e por isso temos que amá-la e agradecer por ela. Por último, mas não menos importante, as memórias e lembranças das pessoas amadas que se foram vão permanecer para sempre conosco - muito mesmo depois de as vermos pela última vez. 
9. Amor
Além do valor à vida, o amor é sem dúvida o maior presente que recebemos. Sabemos o quanto o amor é precioso quando o recebemos de nossos companheiros, filhos, amigos e até nossos queridos animais de estimação.
10. Um Novo Dia
Quando a noite chega, muitas pessoas não reconhecem o presente que é um novo dia. E toda vez que o sol desponta para mais um dia que começa, representa a chance e a grande oportunidade que temos de ter uma vida melhor e repleta de realizações.

HEREDITARIEDADE e REENCARNAÇÃO, qual a relação ?



O espiritismo de maneira nenhuma descarta a hereditariedade, antes a confirma, mas não é a hereditariedade a causa primária dos distúrbios orgânicos bem como dos transtornos de natureza psicológica e psiquiátrica, porque a carga de natureza genética é, por si mesma, um efeito, porquanto o Espírito, quando se vai reencarnar, ao vincular-se ao espermatozoide encarregado de fecundar o óvulo, imprime no código genético aquilo de que tem necessidade para o processo da evolução e, por isso, cada qual irá reencarnar-se no grupo espiritual, familial de que necessite, a fim de poder desenvolver os caracteres que propiciem a manifestação da enfermidade depuradora do futuro, tais as degenerecências de Alzheimer, de Parkinson, de esclerose múltipla e de outras, encontrando no fator genético os elementos programadores da reencarnação. O mesmo ocorre em relação à saúde, aos valores positivos do bem-estar, da inteligência, da memória e das aptidões artísticas. 
(Divaldo Pereira Franco- “Doenças ou Transtornos Espirituais?”- AME-MG, página 124.)

A Matéria e os FLUIDOS ESPIRITUAIS IMPONDERÁVEIS !


À primeira vista, não há o que pareça tão profundamente variado, nem tão essencialmente distinto, como as diversas substâncias que compõem o mundo. Entre os objetos que a Arte ou a Natureza nos fazem passar diariamente ante o olhar, haverá duas que revelem perfeita identidade, ou, sequer, paridade de composição? Quanta dessemelhança, sob os aspectos da solidez, da compressibilidade, do peso e das múltiplas propriedades dos corpos, entre os gases atmosféricos e um filete de ouro, entre a molécula aquosa da nuvem e a do mineral que forma a carcaça óssea do globo! que diversidade entre o tecido químico das variadas plantas que adornam o reino vegetal e o dos representantes não menos numerosos da animalidade na Terra!
 
Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direção das forças inumeráveis que a governam.
 
A Química, cujos progressos foram tão rápidos depois da minha época, em a qual seus próprios adeptos ainda a relegavam para o domínio secreto da magia; ciência que se pode considerar, com justiça, filha do século da observação e baseada unicamente, de maneira bem mais sólida do que suas irmãs mais velhas, no método experimental; a Química, digo, fez tábua rasa dos quatro elementos primitivos que os antigos concordaram em reconhecer na Natureza; mostrou que o elemento terrestre mais não é do que a combinação de diversas substâncias variadas ao infinito; que o ar e a água são igualmente decomponíveis e produtos de certo número de equivalentes de gás; que o fogo, longe de ser também um elemento principal, é apenas um estado da matéria, resultante do movimento universal a que esta se acha submetida e de uma combustão sensível ou latente.
 
Em compensação, fez surgir considerável número de princípios, até então desconhecidos, que lhe pareceram formar, por determinadas combinações, as diversas substâncias, os diversos corpos que ela estudou e que atuam simultaneamente, segundo certas leis e em certas proporções, nos trabalhos que se realizam dentro do grande laboratório da Natureza. Deu a esses princípios o nome de corpos simples, indicando de tal modo que os considera primitivos e indecomponíveis e que nenhuma operação, até hoje, pode reduzi-los a frações relativamente mais simples do que eles próprios. 
 
Mas, onde param as apreciações do homem, mesmo ajudadas pelos mais impressionantes sentidos artificiais, prossegue a obra da Natureza; onde o vulgo toma a aparência como realidade, onde o prático levanta o véu e percebe o começo das coisas, o olhar daquele que pode apreender o modo de agir da Natureza apenas vê, nos materiais constitutivos do mundo, a matéria cósmica primitiva, simples e una, diversificada em certas regiões na época do aparecimento destas, repartida em corpos solidários entre si, enquanto têm vida, e que um dia se desmembram, por efeitos da decomposição no receptáculo da extensão.
 
Há questões que nós mesmos, Espíritos amantes da Ciência, não podemos aprofundar e sobre as quais não poderemos emitir senão opiniões pessoais, mais ou menos hipotéticas. Sobre essas questões, calar-me-ei, ou justificarei a minha maneira de ver. A com que nos ocupamos, porém, não pertence a esse numero. Àqueles, portanto, que fossem tentados a enxergar nas minhas palavras unicamente uma teoria ousada, direi: abarcai, se for possível, com olhar investigador, a multiplicidade das operações da Natureza e reconhecereis que, se se não admitir a unidade da matéria, impossível será explicar, já não direi somente os sóis e as esferas, mas, sem ir tão longe, a germinação de uma semente na terra, ou a produção dum inseto.
 
Se se observa tão grande diversidade na matéria, é porque, sendo em número ilimitado as forças que hão presidido às suas transformações e as condições em que estas se produziram, também as várias combinações da matéria não podiam deixar de ser ilimitadas.
 
Logo, quer a substância que se considere pertença aos fluidos propriamente ditos, isto é, aos corpos imponderáveis, quer revista os caracteres e as propriedades ordinárias da matéria, não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva; o cosmo, ou matéria cósmica dos uranógrafos.

AMIGOS E INIMIGOS - Emmanuel / Chico Xavier


O amigo é uma benção.
O inimigo, entretanto, é também um auxílio, se nos dispomos a aproveitá-lo.

O companheiro enxerga os nossos acertos, estimulando-nos na construção do melhor de que sejamos capazes.
O adversário identifica os nossos erros, impelindo-nos a suprimir a parte menos desejável de nosso vida.

O amigo se rejubila conosco, diante de pequeninos trechos de tarefas executada.
O inimigo nos aponta a extensão da obra que nos compete realizar.

O companheiro nos dá força.
O adversário nos mede a resistência.

Precisamos do amigo que nos encoraja e do inimigo que nos observa.
Isso porque o amigo traz a cooperação e o inimigo forma o teste.
Qualquer servidor de consciência tranquila se regozija com o amparo do companheiro, mas deve igualmente honrar-se com a crítica do adversário que o ajuda na solução dos problemas de reajuste.

Jesus foi decisivo nos recomendando:
“Amai os vossos inimigos.”
Saibamos agradecer a quem nos corrige as falhas, guardando-nos o passo em caminho melhor.

PROCESSO REENCARNATÓRIO - Entrevista de Hermínio Correa de Miranda


Processo reencarnatório

Entrevistado(a): Hermínio Correa de Miranda


--- Questão [#001] 
Na sua opinião, considerando os livros básicos e a literatura auxiliar, a Doutrina Espírita tem esgotado as informações sobre o processo reencarnatório ou, na medida em que o homem se espiritualize, informações adicionais serão concedidas?

Resposta: Como sistema orgânico de conhecimento, o Espiritismo é uma doutrina evolutiva, atenta à dinâmica da expansão cultural da humanidade. Vamos reler um parágrafo da Introdução que Kardec escreveu para O Evangelho Segundo o Espiritismo (Autoridade da Doutrina Espírita, pg. 31, 57a. edição FEB): " Com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas revelações. Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a 
inteligência se mostra apta a compreender a verdade de ordem mais elevada e quanto as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma ideia nova. Por isso é que logo de princípio não disseram tudo e tudo ainda hoje não disseram, jamais cedendo à impaciência dos muito afoitos, que querem os frutos antes de estarem maduros."


O Livro dos Espíritos constitui exemplo disso no sentido de que notamos na sua elaboração o cuidado de não dizer mais do que o necessário e conveniente para a época e de compactar informações e ensinamentos num mínimo possível de texto. Em algumas respostas, a linguagem é quase telegráfica, sem detalhamentos, considerados, talvez, prematuros ou inoportunos. O que, de certa forma, parece indicar reserva de espaço para futuras ampliações, à medida que o conhecimento fosse progredindo. Não creio, por isso, que a temática do processo reencarnatório tenha sido esgotada no contexto das obras básicas e nem mesmo nas subsequentes. André Luiz, por exemplo, ampliou consideravelmente tais informações. Penso que ainda temos muito que aprender com os instrutores espirituais sobre esse e tantos outros assuntos.


--- Questão [#002] 
Fiz um aborto aos 21 anos e depois tive um filho aos 27. Existe possibilidade deste espírito ser o mesmo que foi abortado anteriormente?

Resposta: Entendo perfeitamente possível que a criança que você teve aos 27 anos seja a mesma entidade espiritual, cujo corpo fora abortado cerca de seis anos antes.

 

Na reencarnação sob processo expiatório, ocorre às vezes uma vultosa anomalia cerebral. De que forma há para esse Espírito aproveitamento da reencarnação? Há algum tipo de percepção?

Resposta: A reencarnação constitui sempre valiosa oportunidade de progresso espiritual. O corpo físico pode apresentar-se severamente afetado por anomalias inibidoras, mas a entidade espiritual está presente e atenta ao que se passa. Em nosso trabalho mediúnico, testemunhamos um caso desses. Sugiro que você leia o capítulo 19 - Filhos deficientes, de meu livro "Nossos Filhos são Espíritos",
que parece responder à sua pergunta. Leia, também, "Autismo - uma leitura espiritual", ainda que este não seja o caso específico que você tem em mente.

 

O Sr. poderia comentar as relações entre a descoberta do código genético humano e o processo reencarnatório? Por exemplo, se muitas doenças físicas poderão ser evitadas, como ficam as reencarnações de Espíritos que têm como sua fase evolutiva o ultrapassar justamente doenças físicas?

Resposta: Penso que é cedo para se falar em interferências no código genético que resultem no cancelamento puro e simples de deficiências físicas ou mentais, que, como sabemos, tem sérias implicações cármicas. O projeto genoma, recentemente divulgado com enorme espalhafato publicitário, embora represente um gigantesco passo à frente no entendimento da biologia humana, ainda tem muito trabalho pela frente, como reconhecem os próprios cientistas. São mais de 3 bilhões as combinações possíveis no ser humano. Por outro lado, as leis divinas não se sujeitam a manipulações daqueles que se propõem a "brincar de Deus". Sugiro que você leia, se conseguir localizar, um pequeno artigo meu intitulado "Uma ética para a genética", publicado em Reformador em junho de 1971, há quase trinta anos, portanto. Será útil também, se ainda não o fez, a leitura do Time, de 3 de julho de 2000. Diz-se ali, entre outras coisas, que dois grupos empenharam-se em decifrar as letras bioquímicas do DNA humano e as instruções codificadas para construir e operar um ser humano totalmente funcional. Em outras palavras, ninguém, nesse projeto gigantesco, está pensando no espírito e nem nas leis cármicas. E muito menos, em Deus. Quanto a mim, fico com Deus e não tenho a pretensão de brincar com ele. Não sou, contudo, um especialista no assunto. Sugiro que você leia "O projeto genoma", de autoria da Dra. Marlene Nobre, no recente Boletim SEI, da Capemi, de 29-07-2000. Poderá, para isso, acessar a Home page: http://www.lfc.org.br

--- Questão [#005] 
Na sua opinião, como se dá o processo de ligação do fluido vital entre o perispírito e o corpo durante o processo reencarnatório?

Resposta: Não me sinto preparado para responder à sua pergunta. Em outras palavras: Não sei. Acho, até, que é muito bom a gente ter tantas ignorâncias para transformar um dia em conhecimento. Isso indica que a vida será sempre um desafio e nunca uma chatice.

--- Questão [#006] 
Quanto tempo, em média, o espírito permanece na pátria espiritual, antes de reencarnar? Meu pai faleceu há 5 anos; quando eu desencarnar me encontrarei com ele?

Resposta: Cada caso é um caso. Não há uma periodicidade rígida de tantos em tantos anos, entre uma encarnação e outra. O Prontuário da Obra de Allan Kardec, do erudito confrade e pesquisador Deoclécio de Demócrito, indica as seguintes referências sobre o assunto: O Evangelho Segundo o Espiritismo n. 16, p. 31; Céu e Inferno, 2a. parte, cap. 4, p.275 e cap. 5, n. 39, p. 309; Obras
Póstumas, Parágr. 3, n. 28, p. 39.

Há, também, uma pesquisa do amigo dr. Hernani Guimarães Andrade, em artigo que não tenho como localizar. Hernani chega à conclusão de que, em vista do número muito maior de habitantes da Terra, o intervalo entre uma encarnação e outra diminuiu nos últimos tempos. Ou seja, a "fila" era muito maior quando havia pouca gente encarnada por aqui...Certamente você se encontrará com a entidade que foi seu pai, bem como com outros seres que se acham ligados a você, nesta ou em existências passadas. É o que costuma acontecer. Leia, a respeito, a Questão 160, de O Livro dos Espíritos.
 
DICA DE LEITURA do grupo vidaspassadasbr: sugerimos a leitura do primoroso livro Nascer Várias Vezes do confrade Regis Mesquita.http://www.nascervariasvezes.com/


--- Questão [#007] 
Gostaria de saber um pouco mais sobre os departamentos de reencarnação do plano espiritual, como funcionam e quais os seus objetivos.

Resposta: Esta é outra pergunta que não sei responder. Você encontrará as informações que deseja na obra de André Luiz. Esse autor espiritual estudou a questão com entidades de grande experiência e conhecimento.


--- Questão [#008] 
Durante o período da gestação, é possível que a mulher seja obsidiada? Se o processo obsessivo já existir, o obsessor é afastado?

Resposta: Sim, a mulher pode ser obsidiada antes, durante e depois da gestação. A gravidez, por si mesma, não a livra do processo obsessivo, nem leva a entidade perseguidora a afastar-se automaticamente. Em muitos casos a gravidez pode até suscitar ou agravar obsessões, quando entidades desorientadas e vingativas procuram interromper ou perturbar o processo reencarnatório, por ter problemas com a mãe, com a criança ou com ambos. A questão é complexa e os casos devem ser tratados com serenidade, compreensão, amor fraterno e prece, em grupos confiáveis que se dediquem à tarefa dita de desobsessão. Não com o objetivo de nos livrarmos da entidade perturbadora, mas para que nos
pacifiquemos todos, a fim de seguirmos todos juntos e em paz os caminhos evolutivos. "Reconcilia-te com teu adversário", ensinou o Cristo, "enquanto estás a caminho com ele."


--- Questão [#009] 
Gostei imensamente do seu livro "Nossos filhos são Espíritos"; gostaria de sua análise sobre nossa responsabilidade no processo de resgate com relação à vida conjugal, e como isto influencia a reencarnação daqueles que devem vir como filhos.

Resposta: O lar é o nosso laboratório de trabalho, pesquisa, estudo e
aprendizado, bem como um ponto de reencontro. A família representa, usualmente, a melhor combinação possível de situações que levem os seres que a compõem à solução dos problemas que os afligem. É uma preciosa oportunidade que não deve ser desperdiçada, dado que a felicidade e a paz futuras dependem do que estamos fazendo hoje. As entidades que se reencarnam como nossos filhos e filhas constituem parte integrante do projeto elaborado para a vida terrena e precisam contar conosco para as tarefas que se programaram para realizar junto de nós. 


Releia o capítulo 21 - "A menina que chorava na calçada", no livro "Nossos Filhos são Espíritos". Leia, ainda, o capítulo que escrevi para o livro "O Espiritismo e os Problemas Humanos", do querido amigo e confrade Deolindo Amorim. É uma edição da USE, São Paulo.

--- Questão [#010] 
É possível um espírito reencarnar em pouco tempo e dentro da mesma família onde viveu a última encarnação?

Resposta: É possível, sim, a uma entidade reencarnar-se na mesma família após alguma permanência na dimensão póstuma. A literatura espírita tem documentado numerosos e convincentes casos dessa natureza. Em "Twenty Cases Suggestive of Reincarnation", o professor Ian Stevenson apresenta (que me lembre) pelo menos dois. Um deles passou-se nas geladas regiões da América do Norte, onde uma entidade reencarnou-se como filho de seu próprio filho. Ou seja, ele nasceu como neto (ou avô) de si mesmo e seus antigos filhos e filhas passaram a ser tios e tias na nova existência. Ele os reconheceu como reconheceu também seu antigo relógio de bolso que a família conservara. O outro caso narrado pelo dr. Stevenson nesse livro passou-se no Brasil, na família do professor Francisco Waldomiro Lorenz, no Rio Grande do Sul. Há uma tradução desse livro em português, mas não tenho comigo os dados. Se bem me lembro, chama-se Vinte Casos Que Sugerem a Reencarnação (Ou Sugestivos de Reencarnação).

--- Questão [#011] 
Quando um espírito está se preparando para reencarnar, ele pode se comunicar numa reunião mediúnica? Em caso afirmativo, como se dá esse processo?

Resposta: A entidade que se prepara para reencarnar-se pode, sim, manifestar-se mediunicamente. Tivemos um caso desses, que ficou narrado em meu livro Diálogo com as Sombras (Edição FEB). Mesmo depois de iniciado o processo reencarnatório, a entidade goza de relativa liberdade. Como, aliás, acontece também com os encarnados, que se manifestam, segundo a Codificação, como espíritos, em estado de desdobramento. Veja, nesta mesma entrevista, os comentários acerca da Pergunta número 19.

--- Questão [#012] 
Caro Hermínio, temos uma dúvida que até a presente data não conseguimos elucidação. No livro Evolução em Dois Mundos (André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira), no capítulo sobre Simbiose Espiritual, encontramos: "Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações futuras, entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo devotamento ao próximo e pela humildade 
realmente praticada e sentida, é possível valorizar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor."

Nossa questão: Pode um Espírito em uma única reencarnação resgatar todos os seus débitos do passado e anular a vingança de seus inimigos espirituais, através do exemplo do amor puro aos semelhantes ?

Resposta: Parece-me que a pergunta deve ser reformulada. André Luiz está dizendo que não é necessário esperar por reencarnações futuras para nos reconciliarmos com nossos adversários ou com aqueles a quem prejudicamos; podemos começar desde já a tarefa, com a nossa própria reeducação, o hábito da prece, a prática do amor ao próximo, o reaprendizado da vida, enfim. Ele não diz que estaremos, dessa maneira, resgatando numa só existência, todos os erros cometidos. 

Temos testemunhado exemplos vivos disso, em nossos trabalhos mediúnicos, no decorrer de quase 40 anos. Entidades indignadas que conseguimos resgatar com paciente argumentação, compreensão e amor, tinham ligações conflituosas com membros do nosso próprio grupo. Não foi preciso, nesses casos, esperar futuras existências de atrito e sofrimento, para trabalhar nossas divergências. Em outras palavras: "adiantamos o serviço" da reconciliação, que teria de ser feito mais tarde, em futuras reencarnações.

--- Questão [#013] 
Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os casos de reencarnação forçada que os espíritos de pouca luz unidos em falanges impõem a seus subjugados?

Resposta: Há reencarnações com um componente de compulsoriedade, obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a Questão 262, em O Livro dos Espíritos.

Recorro, ainda, ao Indicador Espírita, compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o que contém o verbete número 2155: "Reencarnações se processam muita vez sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal."

São indicados, nesse verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de Joanna de Ângelis e ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Herminio C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de Léon Denis.

Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo "O médium do Anti-Cristo" (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf Hitler.

--- Questão [#014] 
Gostaria que o Sr. analisasse de forma sintética a presença da fatalidade, do destino e da lei de causa e efeito no processo reencarnatório. Afinal, nem todos os que reencarnam vêm com uma programação reencarnatória? Quando esta programação existe, pode ser encarada como determinismo? Ou alguns aspectos podem ser modificados?

Resposta: A questão é ampla demais para uma resposta compacta e nem me considero suficientemente preparado para fazê-lo. Não atribuo, contudo, grande importância e conteúdo a palavras como fatalidade, destino, acaso. O conceito dominante aqui é o da lei de causa e efeito ou carma. É evidente que todos nós trazemos para a vida na carne uma programação de trabalho, mas tal programa não é determinista, porque a lei sempre leva em conta o exercício do livre arbítrio e a consequente responsabilidade por tudo quanto fazemos ou deixamos de fazer. 

Podemos ou não cumprir as tarefas programadas na espiritualidade antes da reencarnação. Daí, tantos desvios e fracassos, que muito teremos a lamentar ao regressar à dimensão espiritual e verificar que pouco ou nada realizamos do que estava planejado. Pior ainda: muitas vezes, fizemos justamente aquilo que não era para fazer. Costumo dizer que o único determinismo a que estamos irrevogavelmente sujeitos é o de chegar aos mais elevados patamares da perfeição espiritual. Não fomos criados para o fracasso, o sofrimento eterno, a prática permanente do erro. 

Trazemos um plano geral, não um rígido conjunto de ordens que desçam aos detalhes dos detalhes. É como se tivéssemos que ir de determinado lugar a outro, não importando muito que caminhos vamos percorrer, nem que tipo de condução iremos usar. Se preferimos fazer uma viagem mais longa, mais difícil, mais demorada e sofrida, passando por precipícios, desertos e espinheiros, o problema é nosso. Ninguém nos obrigará necessariamente a fazer as coisas desta ou daquela maneira.

A respeito do descumprimento da programação reencarnatória, sugiro que você leia "As Sete Vidas de Fenelon" (Publicações Lachâtre).

--- Questão [#015] 
Qual sua opinião sobre o processo reencarnatório entre os animais? Na passagem do animal para o humano como surge a reencarnação inicialmente? Há algum processo de aprimoramento do princípio espiritual para reencarnar como espírito?

Resposta: Não conheço suficientemente o assunto. Sugiro que você leia o livro da dra. Irvênia Prada, competente veterinária, com excelente formação doutrinária espírita. O livro intitula-se A Questão Espiritual dos Animais e é uma edição da Folha Espírita, São Paulo.

 

O Sr. poderia comentar sobre a situação do perispírito durante o processo reencarnatório? Há perda do perispírito no processo reencarnatório? Como podemos compreender o fenômeno da "redução perispiritual", da qual nos fala o espírito André Luiz?

Resposta: O perispírito é um "modelo organizador biológico" e traz consigo a programação daquilo que deve ser projetado no corpo físico. Não encontro referências à "perda de perispírito" no texto, citado (Entre a Terra e o Céu, p. 179). O que está ali escrito é que há "redução volumétrica do veículo sutil pela diminuição dos espaços intermoleculares." Ou seja, o perispírito compactou-se, mantendo-se, porém, integral, sem nenhuma perda de função.

--- Questão [#017] 
Qual a participação da espiritualidade e do mentor do reencarnante, no retorno do espírito à carne?

Resposta: Pelo que sabemos, mentores e amigos espirituais participam da elaboração de nossos planos reencarnatórios, ajudando-nos na escolha das prioridades que nos convêm programar segundo nossas possibilidades e limitações. Mais uma vez, recomendo a leitura de André Luiz para melhor entendimento de tais aspectos.

--- Questão [#018] 
Na sua opinião, quais benefícios reais o espírito obtém com a reencarnação? Ele não poderia evoluir apenas na erraticidade?

Resposta: Sobre o objetivo da encarnação, leia a Questão 132, de O Livro dos Espíritos. Quanto ao progresso na erraticidade, diz a Questão 230: "(O Espírito) pode melhorar-se muito (na erraticidade) tais sejam o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existência corporal é que põe em prática as ideia que adquiriu." Veja, ainda, a Questão 330 a).: 


"Pergunta: Então, a reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte o é da vida espiritual? 

Reposta: Certamente; assim é."

--- Questão [#019] 
Allan Kardec, em A Gênese, postula que a consciência espiritual vai diminuindo com a proximidade do parto, sendo que no nascimento o espírito estaria completamente inconsciente. No seu livro "Nossos filhos são Espíritos", o Sr. transcreve narrativas, obtidas através de regressão, que algumas pessoas fazem sobre a situação na hora do nascimento. Como conciliar estas duas informações?

Resposta: É pertinente a observação da leitora (ou leitor). No texto que escreveu para A Gênese, Kardec refere-se ao estado de perturbação do espírito a partir do momento em que é "apanhado pelo laço fluídico" que o prende ao corpo físico em início de formação. Prossegue o Codificador, declarando que esse estado de perturbação intensifica-se durante a gestação, "perdendo o Espírito, nos últimos momentos (quando começam os trabalhos de parto) toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhe hão de servir às manifestações." 

Na Questão 380, os Espíritos se haviam manifestado de modo semelhante, ao dizerem que "A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos."

De qualquer modo, as técnicas regressivas e as regressões espontâneas da memória não confirmam generalizado estado de perturbação na entidade reencarnante, ao mesmo tempo em que demonstram nela perfeita consciência de si mesma durante a gravidez e no momento do parto. Alguma modalidade de consciência, portanto, está funcionando nessas fases.

No capítulo 48 de "Nosso Lar", uma entidade reencarnada ainda na fase infantil, no berço, manifesta-se com sua personalidade (reencarnação) anterior, aos familiares que deixara ao morrer como Ricardo. Em tarefas de nosso grupo mediúnico, conhecemos uma entidade recém-encarnada era ainda um bebê, que não tinha controle sobre o corpo físico e, por conseguinte, nenhuma condição de se comunicar com a família. No entanto, revelou-se lúcido e consciente de sua situação no encontro mantido, em desdobramento, com nossos amigos espirituais. O caso está relatado no capítulo 19 - Filhos deficientes, de "Nossos Filhos são Espíritos". Ignoro, pois, em que condições ocorre o estado de perturbação a que se referem os Espíritos.

Por quê ANDRÉ LUIZ ficou 8 ANOS no UMBRAL se, aparentemente, ELE NÃO FEZ NADA TÃO GRAVE ?



Em Nosso Lar é narrada a passagem de André Luiz pelo umbral. Ele ficou oito anos no umbral e foi chamado, por outros espíritos, de suicida.
Depreende-se do livro que ele era considerado suicida inconsciente, pois, mesmo sem o propósito de tirar a própria vida, teve a vida encurtada pela falta de cuidado com a saúde. O livro deixa perceber que ele era dado aos prazeres.
A partir disso, alguns acham que ele bebia muito, ou que fumava e bebia, ou que bebia e comia muito, ou que, além dessas coisas, era chegado ao meretrício. Talvez de tudo um pouco, pois tudo isso era plenamente aceitável para os padrões sociais da época.
Seja como for, ao longo da série é possível perceber que André Luiz era mais do que um simples homem do seu tempo, e se não demonstrou isso quando encarnado, sua vida deve ter sido frustrante.
Fica claro, pra mim, que André Luiz ficou oito anos no umbral principalmente pelo vazio em que transformou a sua passagem pela matéria, desperdiçando as oportunidades recebidas. Nascido num lar de classe média, tendo recebido boa educação e bons estudos, fez da sua vida uma vidinha comum, sem emoções ou sobressaltos, sem nada de realmente construtivo e útil.
A julgar pela sua inteligência e boa vontade demonstrados nas suas narrações, teria muito o que oferecer aos que conviveram com ele.
É isso o que a maioria de nós faz. Quase todos recebemos boas oportunidades. Mesmo as dificuldades enfrentadas são às vezes grandes vantagens, por nos proporcionar ver as coisas por ângulos diferentes, por forjar o nosso caráter e por nos proteger de facilidades que nos enfraqueceriam o aspecto moral.
E o que fazemos das oportunidades recebidas? O que oferecemos de nós mesmos aos outros? Mal cuidamos da família, às vezes nem da família, ou nem de nós mesmos… E temos as velhas desculpas da incompreensão, ou da pobreza, ou da falta de apoio, ou da falta de condições ideais.
Não é pra isso que reencarnamos. Não é pra nos arrastarmos cheios de queixumes e revoltas que recebemos a dádiva preciosa da reencarnação. Não é pra passar contando os dias para que o domingo chegue pra desmaiar em frente à televisão que nós ganhamos a oportunidade de um novo corpo físico.
Temos muito o que fazer, temos muito a oferecer, a contribuir, a dar de nós mesmos. E a aprender, e a ensinar, e a amar e perdoar. E compreender, e crescer e ajudar a crescer. É possível. Tudo isso é possível. E não é tão difícil quanto possa parecer a quem nunca tentou. Nascemos bebês, moles e frágeis, e um dia temos que tentar nos equilibrar sobre as pernas, e dar um passinho à frente do outro. É um grande desafio, que nós só conseguimos porque tentamos.
Não sei o que André Luiz fez ou deixou de fazer com o seu corpo. Eu acho, particularmente, que devemos ter o máximo cuidado com o corpo, que é o nosso veículo de manifestação na matéria. Mas tenho certeza de que se ele tivesse tido uma vida mais plena e construtiva e útil, sua passagem pelo umbral teria sido bem mais curta.

OS DOISLOBOS



Um dia, um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia ofendido.

O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho:

Deixe-me contar-lhe uma história.

Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem arrependimento. Todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso inimigo.

É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra.

Lutei muitas vezes contra esses sentimentos.

O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou: É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos e não se ofende.

Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva. Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de ira!

Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue mudar coisa alguma!

Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu Espírito.

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:

E qual deles vence, vovô?

O avô sorriu e respondeu baixinho:

Aquele que eu alimento mais frequentemente.

* * *

E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais frequência?

A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as nossas ações.

Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de Espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais.

E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos.

Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer consequências amargas por longo tempo.

Paulo, o grande Apóstolo do Cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse: O bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço.

Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo homem velho, em prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: É preciso perseverar.

É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser.

Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio Apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: Já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim.

Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o Mestre por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz a impulsionar os nossos pensamentos e atos.

* * *

Paulo de Tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus.

Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa, depois que viu o Mestre às portas da cidade de Damasco, tornou-se Seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida.

Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto.

Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré